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‘Vou carregar culpa até morrer’, diz marido de grávida morta

Geral – 09/01/2012 – 06:01

Landerson Rodrigues concedeu entrevista exclusiva ao Fantástico. Ele disse que passou no vermelho por medo de ficar parado de madrugada. 

Em meio à tragédia que está vivendo, o comerciante Landerson Rodrigues, marido de Lilian Maria dos Santos, que estava grávida e morreu em um acidente na madrugada do último dia 30 de dezembro, na Zona Sul de São Paulo, decidiu conversar com a reportagem do Fantástico sob a condição de que o rosto dele não fosse mostrado.

Na entrevista exclusiva, ele contou que desrespeitou a sinalização porque teve medo de ficar parado na madrugada, negou que tivesse bebido antes de dirigir e afirmou que vai carregar a culpa pela morte da mulher, então com 30 anos e na sua 32ª semana de gravidez, até a morte dele. Depois do acidente, a vítima foi levada para o Hospital São Paulo, onde foi feito o parto do bebê que ela esperava, mas a criança não resistiu.

A colisão entre dois veículos ocorreu no cruzamento da Avenida Professor Abraão de Morais com a Avenida Bosque da Saúde. Na sexta-feira (6), o G1 mostrou que câmeras de trânsito flagraram quando Landerson passou no farol vermelho e foi atingido pelo veículo dirigido por Carlos Alberto Fiore, que estava em alta velocidade e embriagado. No mesmo dia, Landerson admitiu que desrespeitou a sinalização.

Na véspera, quinta-feira (5), o G1 já noticiara que Landerson tinha sido indiciado pela polícia por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. E Fiore, por homicídio doloso, lesão corporal e embriaguez ao volante. Depois de ter a prisão temporária decretada, ele pagou fiança de R$ 20 mil, deixou a prisão também na sexta e irá responder em liberdade.

Fiore foi preso e posteriormente encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros no dia 2 de fevereiro.

Nas primeiras horas de 2012, depois de festa de Ano Novo em uma chácara na Grande São Paulo, o comerciante Landerson Rodrigues levava a família de volta para casa, na Zona Sul.

Quase 01h30, ele entrou à esquerda, reduziu a velocidade e cruzou a avenida no sinal vermelho. O carro dele foi atingido em cheio por outro. No impacto, a mulher de Landerson foi jogada para fora do carro e morreu.

Médicos ainda tentaram salvar o bebê em um parto de emergência, mas ele também não resistiu. A filha de Landerson, de oito anos, e uma sobrinha, que também estavam no carro, não se machucaram.

Confira a seguir a entrevista concedida por Landerson:

P – O fato de você ter sido indiciado por homicídio culposo por causa do acidente muda alguma coisa na sua vida?

Landerson: “Eu acho que fica mais pesado só, eu responder por um homicídio de duas pessoas que eu daria a vida. Se ela precisasse do meu coração, eu não ia pensar duas vezes em arrancar. E eu vou responder por isso”.

Landerson contou que desrespeitou a sinalização porque teve medo de ficar parado na madrugada. “Eu não vou ficar parado na madrugada no farol esperando acontecer uma tragédia, talvez um assalto, um cara se desesperar, dar um tiro. Então, você fica meio que numa sinuca de bico”, justificou.

P – Você confirma que passou no sinal vermelho?

Landerson: “Eu confirmo que eu cometi esse delito de passar no sinal vermelho. Cometi um erro e estou pagando esse preço aí.”

Landerson diz que não tinha bebido, mas ele não foi submetido a exames após o acidente.

“Não bebi. Não bebi. Eu estava ciente do que eu estava fazendo completamente”, afirmou.

Uma perícia vai determinar a velocidade em que vinha o outro carro.

P – E a sua esposa foi lançada para fora?

Landerson: “Quando eu saí do carro, ela estava na calçada. Eu me lembro disso, ela ensanguentada, eu abraçando ela, pedindo para ela não dormir.”

Carlos Alberto Fiore foi preso em flagrante e indiciado por embriaguez ao volante e duplo homicídio doloso, quando existe a intenção de matar. No carro dele, havia cerveja e outras bebidas. E segundo a polícia, além do álcool, ele tinha consumido cocaína naquela noite.

A reportagem do Fantástico teve acesso aos resultados do exame feito voluntariamente pelo motorista cinco horas depois do acidente. Segundo o laudo, ele andava de forma desequilibrada e tinha hálito discretamente etílico. Estava desorientado e tinha dificuldade de atenção e de concentração.

Ele não conseguiu fazer o movimento chamado calcanhar-joelho, conhecido como “quatro”. Também teve problemas com outros dois testes: não foi capaz de juntar os indicadores nem de apontar o nariz com o dedo.

Carlos Alberto Fiore foi liberado na sexta-feira (6) do Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. Ele já foi processado por dirigir embriagado, mas não teve a carteira de motorista suspensa porque o caso ainda não foi julgado.

Landerson Rodrigues foi indiciado por homicídio culposo. “Ele não observou regra básica de trânsito e atravessou a via em alta velocidade com o sinal desfavorável a ele”, explicou o delegado Airton Sante Amore.

O advogado de Landerson espera que o cliente seja absolvido sem julgamento, já que a Justiça pode considerar que a perda da mulher e do filho é maior do que a pena pelo crime ele cometeu. “A gente não vê um cidadão que de repente incorreu em culpa por negligência ou por imperícia”, disse o advogado Marco Antônio Arantes de Paiva.

A reportagem do Fantástico procurou a família e os advogados de Carlos Alberto Fiore, mas eles não quiseram gravar entrevista.

Com a morte da mulher e do filho, Landerson revive uma tragédia. Há 12 anos, ele perdeu a primeira mulher e uma filha de dois anos em outro acidente de carro. “Veio um caminhão e pegou a lateral que ela estava. Elas estavam em cinco pessoas no carro. Seis (pessoas). Só morreu minha mulher e minha filha também. Os outros sobreviveram”, lembrou.

Daquela vez, ele não estava junto. “É duro de você perder uma família. Um filho para mim é tudo na minha vida. Um filho é uma coisa sua. Ele tem você como um herói, e de repente esse herói falha”, lamentou.

P – Você se sente culpado por isso?

Landerson: “Eu tenho isso dentro de mim. Não precisa de um juiz querer me condenar, o delegado, quem for. Eu tenho ela (culpa) comigo. Eu vou carregar ela até que dia? Até eu morrer.”

Fonte: Fantástico

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