Adolescentes que acreditam que seus pais usam cannabis são mais propensos a considerar o uso da droga, de acordo com um estudo realizado pela Universidade Estadual de Washington e publicado na revista Journal of Child and Family Studies. A pesquisa, que envolveu 276 adolescentes norte-americanos entre 13 e 17 anos, revela que a percepção do consumo de cannabis pelos pais influencia significativamente as atitudes dos jovens em relação à droga.
A professora Stacey JT Hust, autora principal do estudo, enfatiza a importância dos pais reconhecerem o impacto do uso da cannabis na educação dos filhos. “Se os adolescentes percebem que os pais usam cannabis, quer eles realmente usem ou não, isso pode enviar a mensagem de que o comportamento também é aceitável para eles, especialmente sem conversas explícitas que estabeleçam limites para o adolescente”, afirmou Hust.
O estudo também destacou que a proximidade nos relacionamentos entre pais e filhos desempenha um papel crucial nas opiniões dos jovens sobre a planta. Resultados mostram que 32% dos adolescentes acreditavam que ambos os pais usavam cannabis, enquanto 25% pensavam que apenas as mães faziam uso da substância. Essas percepções estavam associadas a uma diminuição de atitudes negativas em relação à cannabis e um aumento na intenção de usá-la.
Além disso, a pesquisa revelou variações na influência da proximidade parental de acordo com o gênero. Adolescentes próximos de mães não usuárias relataram menores intenções de usar a droga, enquanto aqueles próximos de mães usuárias exibiram atitudes mais positivas e uma maior intenção de experimentar a substância. No caso dos pais, a proximidade foi associada a atitudes mais positivas em relação ao uso de cannabis, independentemente do consumo pelo pai.
A coautora do estudo, Jessica Willoughby, ressaltou a importância de discussões abertas e honestas sobre o uso da droga. “Os pais precisam ser atenciosos sobre como falam sobre seu uso com seus filhos. Eles precisam deixar claro que a cannabis é um produto destinado a adultos e comunicar seus danos potenciais, especialmente para o desenvolvimento do cérebro adolescente”, explicou Willoughby.
Com base nas descobertas, os pesquisadores sugerem que os pais que usam cannabis desenvolvam estratégias eficazes para informar seus filhos sobre os riscos da droga, especialmente em estados onde o uso é legalizado, como Washington. A pesquisa também destaca o monitoramento parental como um fator de proteção contra o uso da substância por menores de idade.
Com informações, Correio Braziliense.