03/07/2017 16h38
Em oitiva na Câmara Municipal, Secretário Tonhão assume que cometeu falha e equívoco
Secretário fez as declarações nesta segunda-feira (3) durante mais uma oitiva da Comissão de Desenvolvimento que apura possíveis irregularidades na cessão de área no Distrito Industrial
Por: Silvio Domingos
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Antônio Carlos Empke Júnior prestou depoimento à Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário que apura denúncia de possível favorecimento pessoal ao empresário Ademir Celis Gonçalves, que reivindica uma nova área de 77 mil m² no Distrito Industrial para sua empresa Silotrês Indústria e Comércio de Artefatos de Ferro Ltda.
O depoimento aconteceu na manhã desta segunda-feira (3) ao relator da comissão, o vereador Davis Martinelli Leal dos Santos (PROS) e ao membro Wellington Ricardo de Jesus (Cascão– PDT). O presidente da Comissão, vereador Adriano Cezar Rodrigues (sargento Rodrigues – PSC) , não acompanhou a fala de Tonhão, porque estava presidindo a CI (Comissão de Inquérito) sobre a denúncia de irregularidades na contratação emergencial da coleta e destinação de lixo, no mesmo horário.
O questionamento sobre o fato de ter algo construído na área, antes mesmo do projeto ser aprovado pela Câmara também incomodou o empresário Ademir durante o seu depoimento para a mesma comissão na última sexta-feira (30). Ele assumiu que elas não constam no layout do projeto apresentado e que faziam parte na área descrita no TAC (Termo de Ajuste de Conduta).
O empresário confirmou que tem interesse em empréstimos bancários e reaveria os recursos investidos nas obras que cairam em virtude de um forte vendaval, através do FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste).
Ele não foi claro sobre as outras construções existentes na extensão da area complementar pretendida em contraste com o layout apresentado no projeto de lei.
Secretário também assumiu equívoco
O secretário Tonhão chegou a garantir que o empresário iria cumprir com a construção da Silotrês, durante uma entrevista na Rádio Caçula, quando a radialista Toninha Campos lhe fez a pergunta: Você garante que a empresa vai cumprir, já que fazem sete anos que ela não cumpriu? e ele respondeu afirmativamente.. Já na oitiva de hoje (03) corrigiu o que havia dito recuando e assumindo a sua falha direcionando que isso aconteceu no calor do momento da entrevista. : EU DISSE EU GARANTO, ENTAO NAQUELE MOMENTO EU ME EQUIVOQUEI.
No que se refere à amizade com Ademir, Tonhão garantiu apenas que conhece o empresário e que não é amigo íntimo. “Não vou na casa dele e ele não vai na minha. Sou uma pessoa pública e hoje estou secretário (licenciado do poder legislativo), mas o conheço sim porque fui vereador por 12 anos”. Ao finalizar, os vereadores deixaram claro que a oitiva, bem como, a apuração dos fatos, não tem cunho pessoal, sendo conduzida de forma técnica.
Tonhão afirmou que sabe da prerrogativa dos vereadores e que está à disposição para quaisquer esclarecimentos, seja sobre o projeto de doação e área ou qualquer outro assunto, pertinente ao seu cargo.
Apuração continua
Apesar do Projeto de Lei Nº 61 que autoriza o Poder Executivo a ceder em comodato, para posterior doação, da área à empresa Silotrês e de ter sido retirado da Câmara pelo prefeito Angelo Guerreiro – antes mesmo da sua votação em plenário – a Comissão decidiu continuar as investigações atendendo uma orientação do promotor Fernando Lanza, do Ministério Público Estadual, sob pena de omissão.
A Comissão foi designada pelo presidente da Câmara, André Bittencourt, para apurar os fatos, no dia 12 de junho deste ano.
A nova área pleiteada, via projeto de lei, tem 77.790 metros quadrados, previsão de investimento de R$ 40,5 milhões (sendo R$ 16 milhões de recursos de FCO e entre 10% a 15% de recursos próprios) com a geração de até 300 empregos, entre a primeira e a segunda fase. Até o momento o empresário não apresentou nenhum documento bancário garantido a pré-aprovação do crédito pleiteado, bastando apenas apresentar a área do investimento.
MP também está investigando
O Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul decidiu intervir nesse processo e por meio da Portaria nº 09.2017,00001785-7, assinada pelo promotor de Justiça, Fernando Marcelo Peixoto Lanza, instaurou um procedimento administrativo para apurar toda a negociação que envolve essa doação.
O promotor cita ainda no seu documento enviado, que o empresário tem uma grande proximidade e afinidade, inclusive política, com o atual secretário de Desenvolvimento, Tonhão, o que torna a “doação” ainda mais suspeita, não descartando o devido favorecimento, já que esse mesmo empresário recebeu anateriormente uma área no distrito industrial e não cumpriu os compromissos assumidos e o terreno acabou sendo devolvido para o município.
Para Fernando Lanza também não é aceitável uma pessoa que na administração passada teve que devolver a área doada para o município, por nela nada fazer, se valha de uma pessoa próxima na Secretária de Desenvolvimento, para apresentar um outro projeto, sequer demonstrando a necessidade de tamanho espaço e, mais, suporte financeiro para a execução do que se pretende, já que ficará na dependência da aprovação de financiamento.
Durante depoimento na Comissão, o empresário disse que não tem nenhum documento da aprovação de obter financiamento apenas uma declaração verbal de seu gerente.
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