O Sistema Único de Saúde (SUS) incluirá em sua rede o medicamento betadinutuximabe, comercialmente conhecido como Qarziba, dentro do prazo de 180 dias. O fármaco é indicado para o tratamento do neuroblastoma, terceiro tipo de câncer mais frequente em crianças, ficando atrás apenas da leucemia e dos tumores cerebrais. A decisão foi oficializada por meio de uma portaria do Ministério da Saúde, publicada nesta semana no Diário Oficial da União.
A medicação será destinada ao tratamento do neuroblastoma de alto risco na fase de manutenção, etapa do tratamento que visa eliminar resquícios da doença e evitar sua recorrência.
Estrutura de atendimento
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento com o betadinutuximabe será realizado exclusivamente em unidades especializadas, como as Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon). Essas instituições oferecem atendimento integral, desde o diagnóstico até a terapêutica oncológica.
Em nota, a pasta destacou que a inclusão do medicamento reforça o compromisso do governo em ampliar e qualificar o acesso a tratamentos oncológicos, garantindo terapias baseadas em evidências científicas e na integralidade do cuidado ao paciente.
Qualidade de vida e acessibilidade
O Qarziba é um medicamento relativamente novo e de alto custo, tendo sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2021. Em 2024, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) aprovou a inclusão do betadinutuximabe na rede pública após um pedido do fabricante, o laboratório Recordati.
De acordo com relatório da Conitec, o medicamento proporciona uma melhora significativa na sobrevida e na qualidade de vida dos pacientes quando comparado às tecnologias atualmente disponíveis no SUS. O uso será indicado para pacientes que tenham alcançado ao menos uma resposta parcial ao tratamento com quimioterapia e transplante autólogo de células-tronco, sendo limitado à fase de manutenção.
Até o momento, muitas famílias recorriam à Justiça para obter o medicamento. Com a compra centralizada pelo SUS, espera-se uma redução nos custos da terapia. Segundo estimativas da Conitec, o investimento total para a incorporação da medicação deve atingir R$ 107,8 milhões em cinco anos.
O Neuroblastoma e seus desafios
O neuroblastoma é o tumor sólido extracraniano mais comum em crianças, representando de 8% a 10% de todos os tumores infantis. O tratamento varia de acordo com o nível de risco do paciente. Para casos de baixo e médio risco, a terapia pode envolver cirurgia e, ocasionalmente, quimioterapia. Nos casos de alto risco, o protocolo inclui cirurgia, quimioterapia, radioterapia e transplante de medula óssea, sendo esses procedimentos já oferecidos pelo SUS.
No entanto, a principal dificuldade tem sido o acesso a medicamentos que aumentam as chances de recuperação. O tratamento deve ser administrado em momentos específicos para garantir sua eficácia, o que torna o tempo um fator decisivo para os pacientes.
O neuroblastoma ganhou visibilidade em 2024 com a campanha para arrecadação de recursos para o tratamento de Pedro, filho do indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022. A mobilização revelou a luta de muitas outras famílias que enfrentam dificuldades no acesso a terapias essenciais no Brasil.
Com informações Agência Brasil