26/06/2013 – Atualizado em 26/06/2013
Por: Assessoria
Um sistema de produção capaz de elevar os índices de produtividade na pecuária de corte e na lavoura de soja na região do Bolsão Sul-Mato-Grossense. Esse é o Sistema São Mateus (SSMateus), desenvolvido durante cinco anos e validado pela Embrapa em parceria com a Fazenda São Mateus, localizada em Selvíria, Mato Grosso do Sul.
Produtores rurais, técnicos e demais interessados no Sistema, terão a oportunidade de conhecer mais sobre o Sistema nesta semana, nos dias 27 e 28 de junho, na Expotrês. O público ouvirá os depoimentos de pesquisadores da Embrapa, Júlio Cesar Salton e Ademir Hugo Zimmer, e do produtor da Fazenda, Mateus Arantes.
O produtor, que já vinha adotando a agricultura e a pecuária, sofria com as oscilações de produtividade devido às variações do clima. Com a adoção do novo Sistema, que se baseia em tecnologias já existentes, mas adequadas à realidade do produtor e ao ambiente da região, há um melhor desenvolvimento das plantas, por haver um aprofundamento do sistema radicular das culturas e, com isso, um maior aproveitamento da água das chuvas no solo.
“Isso faz com que, mesmo em terras arenosas como as daquela Região, que são classificadas como inadequadas para a produção de grãos, possamos ter boas produtividades. Outro fator positivo é que o Sistema também viabiliza economicamente a recuperação das áreas com pastagens degradadas, incluindo a produção de grãos”, explica Salton.
Tradicionalmente, os outros modelos de Integração Lavoura-Pecuária (iLP) iniciam a sequência de rotação pela agricultura, para depois incorporar a pastagem. No SSMateus, a sequência começa pela pastagem (pasto-soja). Com o início da rotação pela pastagem, haverá tempo adequado para que os corretivos reajam no solo, o sistema radicular da pastagem construa uma estrutura de solo favorável à manutenção de umidade e forneça a palha necessária para o Plantio Direto da soja.
Viabilidade econômica
Segundo o pesquisador, a adoção de um sistema como esse pode representar a viabilidade de uma propriedade, principalmente por existirem propriedades com baixa rentabilidade devido a pastagens degradadas. Um levantamento realizado na Região do Bolsão Sul-Mato-Grossense, mostra que há cerca de 3 milhões de hectares com aptidão para o Sistema São Mateus.
“Se adotarmos esse modelo ou similar em apenas 1/3 desses hectares, haverá um impacto econômico positivo de cerca de R$ 1,5 bilhão. Isso pode dinamizar a economia da Região e do Estado”, ressalta Salton.
Durante os cinco anos, o SSMateus foi comparado a outros sistemas utilizados na Fazenda e em outras propriedades da região. Nesse período, ocorreram os veranicos (períodos sem chuva) em três anos. “Nos sistemas tradicionais, praticamente não houve produção de soja. Já no Sistema São Mateus, houve produção em todos os anos, com produtividade média de 50 sacas de soja por hectare, um valor bastante rentável para o produtor.”
Segundo Salton, na pecuária a diferença entre sistemas tradicionais e o SSMateus é ainda maior. “O sistema tradicional da Fazenda, apesar de não ser degradado, resulta em 5 @ a 6 @ de carne por hectare/ano. Já o Sistema São Mateus, logo no primeiro ano da rotação da pastagem após a soja, chegou a produção média de até 20 @ de carne por hectare/ano”, ressalta Salton.
Outros benefícios do SSMateus são redução de perdas por erosão, eliminação do alumínio tóxico no perfil do solo, melhoria na estrutura física do solo, redução de perdas de água por evaporação e maior capacidade das plantas em absorver água do solo em profundidade.
Embrapa na Expotrês
No dia 27, quinta-feira, a Embrapa realizará o Painel Sistema de Integração Lavoura-Pecuária, no auditório do Sindicato Rural de Três Lagoas, das 19 até às 20 horas. Nesse dia, o público terá a oportunidade de conversar com Júlio Salton e Ademir Zimmer, pesquisadores da Embrapa; e com o produtor Mateus Arantes, da Fazenda São Mateus, sobre produção integrada de grãos e carne.
No fim do Painel, haverá um debate entre Pascoal Luiz Secco, presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas; Lucas Galvan, assessor técnico da Famasul; José Américo Boscaine, coordenador geral da Agraer; e Renato Roscoe, diretor executivo da Fundação MS.
No dia 28, sexta-feira, técnicos e produtores serão atendidos por pesquisadores da Embrapa, também no auditório do Sindicato Rural de Três Lagoas, das 8 até às 17 horas. O público poderá trocar ideias e tirar dúvidas sobre nematologia, clima, pastagens, manejo de solos e sistemas. Os pesquisadores que estarão presentes, nesse dia, são Guilherme Lafourcade Asmus, Claudio Lazzarotto, Ademir Hugo Zimmer, Júlio Salton e Rodrigo Arroyo Garcia.