Com nomes que são referência em estratégias pedagógicas práticas que favorecem a inclusão e o bem-estar de estudantes autistas, o seminário “TEA na Escola que Acolhe” alcançou mais de 2 mil pessoas em todo o Estado.
Promovido pelo Governo de MS, por meio das secretarias da Cidadania e de Educação, em parceria com a Insted, o evento foi realizado no último sábado (5), na Capital, com transmissão ao vivo. Todo o material está gravado e pode ser assistido pelo canal da SEC (CLIQUE AQUI).

O seminário partiu da escuta qualificada realizada pela Secretaria da Cidadania, na Reserva Indígena de Dourados, no dia 13 de março, para ouvir demandas da população indígena quanto ao autismo. Na ocasião, a quadra da Escola Estadual Indígena Guateka Marçal de Souza, na aldeia Jaguapiru, virou sala de aula em uma troca valiosa entre pais, professores e profissionais de saúde.
A Subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, Malu Fernandes, deu as boas-vindas ao público agradecendo a presença e ressaltando que o seminário vem a ser um divisor de águas.
“É uma chave girando na abertura de uma porta que levará à melhoria de vida das crianças e adolescentes com autismo. A cada 36 nascimentos, um é autista. Estudando muito, chegamos à conclusão de que somente este movimento de formação de profissionais da educação e das famílias conseguirá fazer com que as pessoas que nasceram com autismo sejam, de fato, incluídos na sociedade. E nós, do poder público, temos nos movimentado, essa ação hoje chega aos 79 municípios, por estar sendo transmitida perpassando cada quilômetro de Mato Grosso do Sul”, pontua Malu.
Palestras
A abertura do seminário foi com a especialista em Educação e Reeducação Psicomotora, Dra. Rosália Cavalcanti, que também é mãe de um jovem autista de 18 anos que evoluiu do nível 3 para nível 1 de suporte. Com 25 anos de experiência profissional em sala de aula, Rosália trouxe o tema “Estratégias Técnicas para uso em sala de aula – As ferramentas Pedagógicas”, e apresentou uma sequência didática com exemplos práticos de como estruturar atividades pedagógicas previsíveis e compreensíveis para os alunos TEA.

Rosália também trabalhou as bases da psicomotricidade que fundamentam o desenvolvimento integral e são essenciais para compreender as necessidades dos alunos com TEA, e ainda como mãe, abordou a orientação parental explicando passo a passo o que perguntar e como conduzir uma entrevista com os pais para estabelecer uma parceria efetiva entre escola e família.
“Falar com as mães é uma das minhas primeiras especialidades, porque, como professora, me vi incapaz quando eu tive um filho com autismo e percebi que não tinha competência técnica para lidar. Tive que sentar para estudar de novo, então, falar para as mães me emociona muito porque eu entendo exatamente a dor que o professor tem em não conseguir ajudar, justamente por não conseguir ajudar meu filho como professora. Eu vim desenvolver isso ao longo de mais de 15 anos, e não é uma tarefa simples, é uma tarefa que envolve, necessariamente, muito amor e vontade. Acima do conhecimento, o amor e a vontade precisam vir antes”, explica Rosália.
Professora em Três Lagoas, Magali de Paula França Varela, veio participar presencialmente do evento, e comentou o quanto foi um momento de troca valiosa.
“Práticas e experiências reais, não é aquela teoria linda que, às vezes, é inexecutável. Aqui tem uma mãe contando das angústias dela, e uma professora que está em sala de aula, e lida com crianças todos os dias, típicas e atípicas. Então, essa vivência aqui é surreal e valiosíssima, como já disse, este é um seminário necessário”, ressalta.
Na segunda parte do seminário, os participantes assistiram à palestra “O manejo seguro do comportamento agressivo dos alunos com TEA nas escolas”, com o doutor e mestre em Psicologia Experimental, Rafael Augusto Silva.
Rafael, que também é professor na pós-graduação em ABA do IEPSIS e consultor de clínicas e equipes profissionais em todo o País, abordou conteúdos para prevenção das crises e também como contê-las com estratégias seguras para ambas as partes, além de trazer os protocolos práticos com exemplos de casos.
“Entender o comportamento agressivo da pessoa com autismo vai fazer sentido para todo mundo, principalmente para quem é professor, para você que é mãe e quem é profissional da área. Quero muito que vocês consigam, na minha fala, entender porque estes comportamentos ocorrem. Certamente este é um dos primeiros passos para compreender melhor e atuar melhor. Também vamos mostrar um modelo de entendimento de crise junto com estratégias de manejo e segurança”, apresentou Rafael.

Participante de todo o seminário, a psicopedagoga Matilde Beatriz, fala da importância de reunir familiares, terapeutas e a escola no debate.
“Nós estamos falando do ser humano e seu desenvolvimento. Então, é fundamental discutir isso a nível de Estado, porque nós estamos todos numa mesma linha, numa mesma direção. Aqui em Mato Grosso do Sul, nós estamos dando luz à questão, porque estamos sim contextualizados com as patologias e com a inclusão que tem várias definições, mas estamos falando daquela onde você realmente se preocupa com o ser humano e a sua capacidade de aprendizagem e com as famílias. A gente tem que pensar que atrás de uma criança tem uma família que precisa de um suporte para poder também nos ajudar”, compartilha Matilde.
Para acessar e assistir ao seminário, basta clicar aqui e rever toda a programação no canal do Youtube da SEC (CLIQUE AQUI).