Lívia Mello e Frederico Moraes, da SES MS apontaram também que Três Lagoas registrou 65 casos de internação por SRAG em 2025, com uma situação considerada estável, mas sob vigilância.
TRÊS LAGOAS – Mato Grosso do Sul enfrenta a quinta semana consecutiva de alta nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com um cenário que preocupa as autoridades de saúde. Em entrevista ao ‘Hora da Notícia‘, da Caçula FM 96,9, na última sexta-feira, 26, a gerente técnica de Influenza e Doenças Respiratórias da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Lívia Mello, e o gerente de imunização da SES, Frederico Moraes, detalharam o impacto do surto e as medidas para conter a escalada de casos.
Segundo Lívia Mello, o estado registrou um salto significativo nos casos de SRAG em 2025. Na semana epidemiológica 16, foram confirmados 310 casos de influenza, contra apenas 54 no mesmo período de 2024. O número de óbitos também preocupa: 27 mortes foram registradas este ano, sendo 14 apenas na última semana, enquanto no ano passado o total foi de cinco. “Estamos com uma circulação intensa de vírus respiratórios, como influenza, rinovírus e vírus sincicial respiratório, favorecida pelo clima frio e por aglomerações em locais fechados”, explicou.
Crianças de 0 a 9 anos lideram as internações, enquanto idosos acima de 60 anos são os mais afetados por óbitos. “Esses grupos são os mais vulneráveis, o que reforça a importância da vacinação”, destacou Mello. Campo Grande, por sua maior densidade populacional, concentra o maior número de casos, mas a SES observa uma crescente, ainda que menos intensa, nos demais 78 municípios. Em Três Lagoas, por exemplo, foram registrados 65 casos de internação por SRAG em 2025, com uma situação considerada estável, mas sob vigilância.
A gerente alertou para a possibilidade de subnotificação, especialmente após feriados prolongados, como o recente, que represaram dados. “Os municípios estão atualizando os registros, mas priorizamos casos graves e óbitos para análises mais rápidas”, afirmou. A notificação de SRAG é obrigatória e imediata, conforme portaria do Ministério da Saúde, mas casos de síndrome gripal comum não entram nessa exigência, o que pode mascarar a real dimensão do problema.
Mello também apontou a dificuldade em conscientizar a população sobre medidas preventivas. “Apesar das campanhas, muitos ainda negligenciam cuidados como lavar as mãos, usar álcool gel ou máscara quando sintomáticos. Precisamos de uma etiqueta respiratória: se estou gripado, evito contato com idosos e crianças”, enfatizou. A gerente reforçou que essas precauções, intensificadas desde a pandemia de Covid-19, seguem essenciais para conter a transmissão.
Frederico Moraes, gerente de imunização, destacou a vacinação como a principal ferramenta para frear o surto. Antecipando o período sazonal, Mato Grosso do Sul iniciou a campanha de imunização contra influenza em 24 de março, quase duas semanas antes da campanha nacional. Mais de 700 mil doses já foram distribuídas aos 79 municípios, com foco em grupos prioritários: crianças de seis meses a seis anos, idosos acima de 60 anos, trabalhadores da saúde, professores, pessoas com comorbidades e outros.
Apesar dos esforços, a adesão à vacinação segue abaixo da meta do Ministério da Saúde. “Temos doses disponíveis, mas a procura está aquém do esperado, especialmente entre idosos e crianças”, lamentou Moraes. Para reverter o quadro, a SES lançou um plano emergencial até 10 de maio, com o “Dia D” de mobilização. A estratégia inclui visitas a instituições de longa permanência para idosos (ILPIs), vacinação de acamados e campanhas em creches e escolas, amparadas por uma lei federal de 2024 que incentiva a imunização em unidades educacionais.
Na capital, equipes volantes reforçarão a imunização, enquanto municípios do interior intensificam a busca ativa. “Estamos articulando com as secretarias municipais para levar a vacina até a população. Só não se vacina quem não quer”, afirmou Moraes.
A SES espera que as ações emergenciais reduzam a pressão sobre o sistema de saúde, que enfrenta sobrecarga com o aumento de internações. “A vacina é nossa melhor defesa. Se a população aderir, podemos conter essa alta de casos e proteger os mais vulneráveis”, concluiu Moraes. Lívia Mello reforçou o apelo: “Além da vacinação, cada cidadão precisa fazer sua parte com cuidados simples, mas eficazes, para evitar a propagação dos vírus.”
Com a proximidade de novos feriados, a SES permanece em alerta, monitorando a circulação viral e os indicadores epidemiológicos. A expectativa é que a conscientização e a imunização em massa tragam alívio ao cenário de saúde em Mato Grosso do Sul.