Programa de Ictiofauna da CESP registrou, de 2020 a 2022, a ocorrência de 105 espécies de peixes das 211 descritas em toda a Bacia do Rio Paraná e, em especial, na planície de inundação. Somente em 2022, foram detectadas 59 destas espécies nos monitoramentos.
Com 245 quilômetros de extensão, o reservatório da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera), da CESP (Companhia Energética de São Paulo), tem registrado em seus monitoramentos 50% de todas as espécies de peixes existentes na Bacia do Paraná. O índice é baseado nos trabalhos realizados pelo Programa de Ictiofauna da companhia, que visa promover ações de conservação de peixes na área de abrangência da Usina. De acordo com dados do Programa, de 2020 a 2022, foram registradas 105 espécies de peixes no reservatório, do total de 211 descritas em toda a bacia, o que representa uma elevada diversidade local.
Os resultados, destaca André Rocha, gerente de Sustentabilidade e Operações da companhia, atestam a eficácia dos acompanhamentos ambientais realizados e a riqueza de peixes na região. “A CESP tem um compromisso com a proteção da biodiversidade e dos nossos recursos naturais, o que inclui, principalmente, ações de conservação dos recursos hídricos, da flora e da ictiofauna. Nossos monitoramentos nos mostram que estamos no caminho certo. O fato de termos metade das espécies que ocorrem em toda a Bacia do Paraná no reservatório da UHE Porto Primavera é bastante expressivo e demonstra a qualidade ambiental de nosso reservatório para a manutenção do número de espécies e a abundância de peixes nessa região”, ressalta.
O Programa de Ictiofauna foi implantado pela companhia há cerca de 20 anos, quando foi formado o reservatório da UHE Porto Primavera e tem sido reestruturado visando a implementação de boas práticas conforme a evolução do conhecimento técnico científico. Hoje, ao todo, a iniciativa é dividida em sete frentes de trabalho, que incluem: monitoramento da diversidade de espécies e da reprodução dos peixes, monitoramento da escada para peixes, monitoramento da atividade pesqueira, resgates de peixes (quando necessário) e estudos e ações de conservação nos rios que desaguam nele, ações feitas por biólogos e equipe técnica altamente qualificada e em parceria com universidades. O programa ainda conta com o apoio e a supervisão do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Além dos monitoramentos, a iniciativa trabalha de forma conjunta com outra iniciativa da companhia, a de fomentar ações de reflorestamento de áreas de preservação permanente, principalmente no entorno dos rios tributários da região. “Para proteger os peixes precisamos, além dos monitoramentos e do combate à pesca predatória, preservar seus habitats e uma das formas de proteger nossos rios é mantendo as florestas do seu entorno preservadas, o que ocorre por meio dos nossos programas de reflorestamento e Fomento Florestal, com a doação de mudas para parceiros. É importante lembrar que muitos rios da região funcionam como uma espécie de maternidade para a reprodução e desova dos peixes no período da piracema”, reforça o gerente.
Por conta deste ciclo, a iniciativa também se estende aos rios que desaguam no reservatório de Porto Primavera, tais como: Verde, Pardo, Aguapeí e Do Peixe, onde ocorre a reprodução dos peixes.
Escada para peixes
Para colaborar com esse processo de reprodução dos peixes e, consequentemente, manutenção das espécies, a UHE Porto Primavera possui, desde 2001, a escada para peixes. A estrutura de transposição conta com quase meio quilômetro de extensão e foi projetada para que as espécies migratórias possam atravessar a barragem da usina de forma segura e o mais semelhante possível aos desafios que encontrariam na natureza.
Ao todo, 18 espécies migradoras que percorrem longas distâncias são prioritárias para estudo e monitoramento da escada para peixes. Deste total, 72% utilizam o sistema de transposição na piracema. O índice é baseado no sistema de monitoramento eletrônico implantado em toda a escada. São nove antenas instalas ao longo da escada para detectar quando passam peixes com microchips (instalados pela equipe de biólogos anteriormente).
De 2012 até dezembro de 2022 foram marcados com microchips 5.566 de peixes migradores. Destes, passaram pela escada 1.123 indivíduos marcados, ou seja, 20,2% dos peixes marcados utilizaram a escada para subir e descer o rio Paraná. “Vale destacar que esta é uma amostragem, uma vez que o número de peixes que utilizam a escada é muito maior e seria inviável colocar microchips em todos eles”, ressalta Rocha.
A escada de peixes da UHE Porto Primavera é a mais estudada do país e foi a primeira estrutura de transposição a ter, com registro público e categórico, a passagem dos peixes bidireccionalmente (subindo e descendo o rio). A publicação ocorreu em 2019.