O presidente da Argentina, Javier Milei, rompeu o silêncio nesta segunda-feira (17) sobre as denúncias relacionadas ao lançamento da criptomoeda $Libra por uma empresa privada, em uma polêmica que abalou seu governo. Em uma entrevista concedida ao canal TN (Todo Noticias), Milei procurou minimizar as acusações que geraram um forte impacto político e financeiro, especialmente após o episódio ser apelidado pela mídia argentina de “criptogate”.
Durante a conversa com o jornalista Jonatan Viale, Milei tentou justificar sua atitude ao apoiar o projeto, que visa financiar pequenas empresas argentinas. O presidente explicou que não promoveu diretamente a criptomoeda, mas que a “difundiu” ao compartilhá-la em seu perfil no X (antigo Twitter). “Não tenho nada que ocultar, portanto posso falar tranquilamente”, disse Milei, insistindo que sua intenção era apenas divulgar uma ferramenta que poderia ajudar empresários locais.
Milei também comentou sobre a repercussão do episódio, que gerou uma valorização explosiva da $Libra. Ele reconheceu que, após seu apoio público à moeda digital, o valor da criptomoeda subiu drasticamente, e os investidores começaram a vender suas participações com grandes lucros. Contudo, o valor do ativo caiu após a especulação sobre fraudes no projeto, o que gerou prejuízos para muitos investidores.
Ao ser questionado sobre o impacto da criptomoeda nos cidadãos argentinos, Milei minimizou a situação. “São pessoas hiperespecializadas que sabem o que estão fazendo. Não há 44 mil pessoas prejudicadas como foi divulgado, na verdade, eram no máximo 5 mil, e a maioria delas não é argentina”, afirmou, atribuindo o episódio a um “problema entre privados”.
O presidente ainda destacou que o Estado argentino não teve perdas com o projeto e comparou a situação a um jogo de cassino, onde quem assume os riscos não pode reclamar de eventuais perdas financeiras. Em resposta às críticas, o governo argentino anunciou que o Gabinete Anticorrupção apurará se houve irregularidades por parte de membros do governo, incluindo Milei. Além disso, uma força-tarefa foi criada para investigar o projeto e os envolvidos.
Milei admitiu, no entanto, que o episódio trouxe lições para sua forma de lidar com questões políticas. “Admito que tenho algo a aprender com o ocorrido”, disse o presidente, acrescentando que ele e sua irmã, Karina Milei, secretária-geral da Presidência, concluíram que medidas de segurança mais rigorosas serão adotadas para evitar novos incidentes. Ele também afirmou que aguarda os resultados da investigação judicial para saber se algum membro do governo se beneficiou pessoalmente da promoção da criptomoeda.
Com o futuro político e judicial ainda em aberto, o presidente argentino encerrou a entrevista refletindo sobre as dificuldades de governar e os desafios de conciliar sua postura liberal com os complexos interesses envolvidos.
Com informações Agência Brasil
