A obra está paralisada desde dezembro de 2014. Desta vez, a venda da unidade será de forma individual, e não de forma conjunta. A expectativa é que a nova forma de negociação atraia mais compradores.
10/02/2020 19h17
Por: Mirela Coelho
TRÊS LAGOAS (MS) – A Petrobras anunciou no fim da tarde desta segunda-feira (10) que retomará o processo de venda da fábrica de fertilizantes UFN-III, localizada em Três Lagoas. A obra está paralisada desde dezembro de 2014. Desta vez, a venda da unidade será de forma individual, e não de forma conjunta. A expectativa é que a nova forma de negociação atraia mais compradores.
O preço não foi divulgado pela Petrobrás, mas o potencial comprador, depois de se enquadrar em todos os critérios de compliance (não estar inscrito em cadastros negativos nacionais e internacionais e nem envolvimento com corrupção) deverá ter capital superior a US$ 600 milhões (R$ 2,59 bilhões, conforme cotação de 10 de fevereiro).
Na transação que teve início em 2018 e que foi desfeita no fim do ano passado, uma parceria entre a empresa russa Acron e a estatal boliviana YPFB (minoritária, com 15%) compraria a planta inacabada, mais a Araucária Fertilizantes (Ansa), no Paraná, por mais de R$ 8 bilhões.
No mês passado, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, disse que a venda casada das duas fábricas de fertilizantes, teria atrapalhado o negócio. “Quando não saiu a venda da UFN3, sempre falei que a Ansa foi o que atrapalhou. Ninguém quer comprar uma empresa boa e uma ruim. O volume que ela produz [de ureia] perto do volume importado é muito pequeno”, disse o secretário na ocasião.
NEGOCIAÇÃO
O responsável pela operação envolvendo a venda da UFN-III, subsidiária que é 100% da Petrobras será o Bradesco BBI. No sumário executivo entregue ao mercado, a estatal lembra que a conclusão da unidade é de responsabilidade do potencial comprador. Conforme a empresa, a planta tem 80% de espaço físico concluído.
O contrato de fornecimento de gás natural poderá ser negociado com a Petrobrás no âmbito de transação. A UFN-II consumirá, por dia, pelo menos 2,3 milhões de m³ de gás natural. A condição aberta pela estatal indica que ela deve continuar no mercado de distribuição no Gasoduto Bolívia-Brasil. Na transação com Acron, o gás seria fornecido pela YPFB, que compraria de sua matriz na Bolívia.
MERCADO
Para tentar vender a UFN-III, a Petrobras destacou os pontos favoráveis da unidade, como por exemplo:
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Perspectiva para crescimento do mercado de fertilizantes nitrogenados no Brasil;
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Capacidade de produção 3,6 mil toneladas de ureia por dia (24% do consumo brasileiro);
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Capacidade de produzir 2,2 mil toneladas de amônia por dia;
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Produção diária de 290 toneladas de dióxido de carbono (elemento usado na indústria de insumos médicos e de refrigerantes, por exemplo),
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Bom momento do agronegócio.
LAVA JATO
As obras da UFN-III tiveram início em 2011. Inicialmente, ela integrava um consórcio composto por Galvão Engenharia, Sinopec (estatal chinesa) e Petrobras. No início da década passada, quando foi lançada, a planta estava orçada em R$ 3,9 bilhões.
Depois da Operação Lava Jato, em que os responsáveis pela Galvão foram alvo de delações premiadas, e foram envolvidos em denúncias de corrupção, as obras pararam. A Petrobras absorveu todo o empreendimento, e acabou ficando com a parte das outras integrantes do consórcio.
Da redação com informações do Correio do Estado