Bruno Ribeiro destaca o impacto da sucessão familiar e a expansão de outras culturas, como o eucalipto, no declínio do rebanho bovino na região.
Em entrevista ao programa “A Hora da Notícia” da Rádio Caçula nesta terça-feira, 1º, Bruno Ribeiro, presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas (SRTL), falou sobre os desafios e transformações enfrentados pela pecuária no município. Apesar das dificuldades, Ribeiro acredita que o setor está se adaptando às novas realidades e adotando estratégias para se manter competitivo. “Hoje, onde antes colocávamos uma cabeça por alqueire, agora colocamos três por hectare. A pecuária é mais produtiva, com investimentos em confinamento e tecnologias para otimizar a produção”, afirmou.
O aumento dos incêndios em áreas rurais tem gerado preocupação no Sindicato Rural de Três Lagoas. Bruno destacou a importância de ações de apoio aos produtores afetados pelo fogo, mas alertou para o impacto da desinformação. “A falta de conhecimento sobre as verdadeiras causas das chamas muitas vezes gera controvérsias equivocadas sobre o setor agropecuário”, afirmou.
Ribeiro também ressaltou fatores que têm influenciado mudanças no setor, como a falta de mão de obra especializada e a questão da sucessão familiar. “Muitos produtores arrendam suas terras para o eucalipto ou outras culturas mais rentáveis. Além disso, os filhos nem sempre querem dar continuidade à pecuária, o que provoca uma transformação na atividade”, explicou.
De acordo com dados da Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE, o número de cabeças de gado em Três Lagoas sofreu uma queda expressiva nas últimas décadas. Em 2001, o rebanho somava mais de 917 mil cabeças, mas em 2023 esse número caiu para menos de 500 mil. O declínio acompanha o crescimento de indústrias de celulose e a expansão das plantações de eucalipto, que têm alterado o uso da terra na região.
Embora a diversificação econômica tenha trazido benefícios, a pecuária segue relevante. Entre 2014 e 2021, o rebanho de gado na cidade registrou uma queda de aproximadamente 10%, com tendência de declínio contínuo nos anos seguintes. A situação em Três Lagoas reflete um movimento semelhante em outros municípios da região, onde o avanço de novos setores também impacta o setor agropecuário.