Política – 23/12/2012 – 10:12
Se você estiver lendo esta página, é um sinal de que o mundo não acabou no dia 21 de dezembro. Mas a profecia (Marco) Maia do Juízo Final foi levada a sério pelo Congresso. Nossos representantes da Câmara e do Senado decidiram antecipar o fim dos tempos… de trabalho.
Entraram em greve branca e bateram o pezinho, recusando-se a votar qualquer coisa, até mesmo o Orçamento de 2013. Reconheceram que existe um juízo final – do Supremo e da Constituição. Já é um bom presságio.
Não resistiu a uma noite e um dia aquela pantomima toda – de arcas gigantes para a resistência ao STF e calhamaços de 463 páginas com questões essenciais, proteladas e esquecidas ao longo de 12 anos.
Alguém deve ter avisado aos congressistas que ainda não é fevereiro, mês de Carnaval e desfiles alegóricos. Tiraram as máscaras. É dezembro, é Natal.
Hora de parar tudo porque faz muito calor, e a preguiça remunerada dos deputados e senadores é mais sagrada que os royalties do petróleo ou os coleguinhas condenados no mensalão.
Hora de aproveitar o 14º e 15º salários pagos por nós e usufruir todas as ajudas extras que tornam o Congresso brasileiro um dos mais caros do mundo.
Eu queria decretar recesso de colunas políticas. Sério. Queria aliviar a pressão e apostar na tolerância. Queria escrever uma carta ao Papai Noel, com pedido de educação para todos, pois isso sim é urgente.
É inaceitável que quase metade dos adultos brasileiros, de 25 anos ou mais, não tenha concluído o ensino fundamental, como acaba de revelar o IBGE. Educação é o primeiro passo para a cidadania plena e o voto consciente.
Queria também desejar a você, leitor, e a sua família 3.060 votos de paz e felicidade – mas os 3.060 vetos atravessaram minhas boas intenções.
O ridículo da situação me obriga a pedir ao Papai Noel no ano que vem um Congresso mais ativo e menos guloso. Um Legislativo que não se desmoralize publicamente.
Os números traduzem a irresponsabilidade infantil do Senado. A gráfica imprimiu 416.700 páginas para compor cédulas que acabaram todas no lixo.
Fonte: Ruth de Aquino, ÉPOCA