Por Leonardo Alves, ex-secretário de planejamento estratégico de Maricá
Brasília – A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade essencial no enfrentamento da desigualdade social e na promoção de inclusão cidadã. Voltada para pessoas que não puderam concluir sua educação básica na idade regular, a EJA oferece uma segunda chance para milhões de brasileiros retomarem seus estudos. Além de combater o analfabetismo, os programas dessa modalidade contribuem para a inserção dos alunos no mercado de trabalho e fortalecem sua participação ativa na sociedade.
A administração eficiente dos recursos públicos destinados a esses programas é vital para garantir a continuidade e a eficácia das iniciativas de EJA no país. No entanto, a gestão enfrenta obstáculos recorrentes, como o subfinanciamento e a descontinuidade de políticas.
Por que a EJA é Crucial no Brasil
Com milhões de brasileiros adultos ainda sem o ensino fundamental completo e altos índices de analfabetismo entre as populações mais vulneráveis, como comunidades rurais e de baixa renda, a EJA assume um papel estratégico. Além de permitir a retomada dos estudos, os programas dessa modalidade promovem:
- A conclusão da educação básica e média para jovens e adultos.
- O resgate da autoestima e da dignidade daqueles que foram excluídos do sistema educacional.
- A melhoria da empregabilidade e das condições de trabalho, qualificando os alunos para o mercado.
- A inclusão social e a cidadania, incentivando a participação na vida política e comunitária.
Desafios na Administração dos Recursos para a EJA
1. Subfinanciamento e Falta de Prioridade
Embora a EJA tenha papel fundamental na inclusão social, ela não recebe a prioridade necessária nas políticas educacionais. Com frequência, os investimentos são direcionados para a educação infantil e superior, deixando a EJA com recursos limitados para contratar professores qualificados e oferecer materiais didáticos apropriados.
2. Descontinuidade de Políticas Públicas
Mudanças nas administrações municipais, estaduais e federais impactam diretamente a continuidade dos programas de EJA. A ausência de uma política de Estado sólida e consolidada afeta o planejamento de longo prazo e prejudica a retenção de alunos, que muitas vezes são obrigados a interromper seus estudos devido à interrupção dos programas.
3. Alocação Ineficiente de Recursos
A má gestão dos recursos é outro entrave significativo. Fundos que deveriam ser usados para melhorar a infraestrutura, fornecer transporte e oferecer alimentação escolar muitas vezes são mal distribuídos ou desviados para outras finalidades. A falta de transparência dificulta o controle social e aumenta o risco de desperdício de recursos públicos.
4. Infraestrutura Inadequada
Em muitos casos, as aulas de EJA acontecem em escolas regulares no período noturno, sem adaptações para atender às necessidades específicas dos alunos adultos, que trabalham durante o dia. Além de horários compatíveis, muitas dessas pessoas precisam de suporte adicional, como creches para seus filhos e alimentação nas escolas, o que ainda é raro.
Soluções e Boas Práticas na Gestão da EJA
Planejamento Orçamentário de Longo Prazo
Uma gestão eficiente dos recursos passa pela elaboração de um planejamento orçamentário que garanta a continuidade dos programas, independentemente das mudanças de governo. Estados e municípios precisam incluir a EJA como uma prioridade em seus planos educacionais e assegurar a distribuição justa dos recursos.
Capacitação Contínua dos Educadores
Os professores da EJA enfrentam desafios únicos, trabalhando com alunos de diversas idades e com níveis variados de escolaridade. Investir na formação continuada desses profissionais é essencial para garantir a qualidade do ensino e aumentar o engajamento dos estudantes.
Monitoramento e Avaliação Constante
A criação de sistemas de monitoramento e avaliação permite identificar falhas na execução dos programas e corrigir desvios rapidamente. Além disso, o envolvimento da sociedade civil na fiscalização aumenta a transparência e assegura que os recursos sejam aplicados corretamente.
Parcerias Estratégicas com o Setor Privado e ONGs
Parcerias com empresas e organizações não governamentais podem ampliar o impacto dos programas de EJA. Iniciativas privadas podem oferecer capacitação profissional e oportunidades de trabalho para os alunos, enquanto ONGs ajudam na criação de metodologias pedagógicas mais eficazes.
Impactos Positivos de uma EJA Bem Gerida
Quando os recursos destinados à EJA são administrados de forma eficiente, os impactos sociais e econômicos são expressivos:
- Redução do Analfabetismo: A implementação consistente de programas de alfabetização diminui significativamente a taxa de analfabetismo e promove a inclusão educacional.
- Melhor Qualificação para o Mercado de Trabalho: A EJA prepara os alunos para ocupações formais e incentiva o empreendedorismo, aumentando a renda familiar e as chances de mobilidade social.
- Promoção da Cidadania e Participação Social: Alunos da EJA se tornam mais engajados na vida comunitária e política, fortalecendo a democracia e a coesão social.
Conclusão: O Caminho para uma Educação Inclusiva e Sustentável
A administração de recursos públicos voltados para a EJA é um desafio essencial para o desenvolvimento do Brasil. Embora existam dificuldades, como o subfinanciamento e a descontinuidade das políticas, soluções baseadas em planejamento eficiente, capacitação de professores e parcerias estratégicas podem transformar a realidade da EJA.
Ao investir na educação de jovens e adultos, o governo não apenas cumpre seu dever de garantir educação para todos, mas também cria uma sociedade mais justa e inclusiva, preparada para enfrentar os desafios do futuro. A continuidade e expansão da EJA são passos fundamentais para uma educação que promova oportunidades reais, independentemente da idade ou do contexto social dos alunos.
Com uma gestão responsável e eficaz, a EJA pode consolidar seu papel como uma ponte para o futuro de milhares de brasileiros que buscam retomar seus sonhos e exercer plenamente sua cidadania.
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Leonardo Alves – Uma nova opinião sobre a gestão pública e a administração governamental.
