Em entrevista, ela relatou a angústia ao descobrir as marcas de abuso em sua filha de 10 meses, enquanto suspeito continua preso após passar por audiência de custódia.
Um crime chocante abalou a cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, na madrugada do último domingo, 20. Uma bebê de apenas 10 meses foi vítima de estupro, e o suspeito, de 58 anos, companheiro da bisavó materna da criança, foi preso em flagrante. A mãe da vítima concedeu uma entrevista exclusiva ao programa ‘Ronda Policial’ com Fábio Campos, da Caçula FM 96,9, nesta quarta-feira, 23, relatando o trauma e a revolta diante do ocorrido.
Segundo a mãe, a tragédia começou no sábado, 19, quando ela deixou a filha pela primeira vez na casa da bisavó, no centro da cidade, para ir a um evento. “Liguei pra minha avó às oito da noite e perguntei se ela podia ficar com a neném. Ela disse que sim, que podia trazer”, contou. A genitora afirmou que enviou mensagens durante a noite para checar o bem-estar da filha, e a avó relatou que a bebê estava “assustada, estranhando”. A mãe atribuiu o comportamento ao fato de a criança nunca ter dormido sem ela.
Na manhã de domingo, ao buscar a filha, ela notou que a bebê estava “muito nervosa, estressada e chorona”, diferente de seu comportamento habitual, descrito como alegre e animado. Ao chegar em casa, a situação tomou proporções ainda mais graves. “Quando fui trocar a fralda e dar banho, ela começou a gritar loucamente. Coloquei ela no chão, e ela engatinhava desesperada. Quando vi a pererequinha dela, estava toda machucada, inchada, com um vermelhão forte e um pequeno rasgo”, relatou, emocionada.
Desesperada, acionou o Conselho Tutelar e o Disque 100. A criança foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde médicos constataram sinais de violência sexual. A bebê foi encaminhada ao Hospital Regional e, posteriormente, ao Instituto Médico Legal (IML), onde exames confirmaram o abuso. “Quatro médicos viram e disseram que era abuso. A doutora Ana, do IML, mostrou um rasguinho na perereca dela e disse que ele [o suspeito] chegou a penetrar um pouco, porque rasgou”, afirmou.
A bebê permanece internada, em isolamento, após contrair uma gripe. Ela recebe um coquetel de medicamentos profiláticos para prevenir complicações decorrentes do abuso. “O exame do IML confirmou tudo na terça-feira. Vamos ficar mais sete dias aqui”, informou a mãe.
PRISÃO E SUSPEITAS ADICIONAIS
A Polícia Militar agiu rapidamente e prendeu o suspeito na manhã de domingo, 20, ao surpreendê-lo entrando na residência da bisavó. Ele foi autuado em flagrante e, após audiência de custódia, encaminhado à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (DEPAC), onde permanece à disposição da Justiça. Há suspeitas de que o suspeito será transferido ao presídio de Bataguassu, onde são encaminhados acusados de crimes sexuais.
Durante a entrevista, a mãe revelou à Fábio Campos um detalhe ainda mais perturbador. Sua madrasta, ao visitar a bebê no hospital, relatou que seu filho, de 8 anos, teria feito comentários estranhos ao avô, sugerindo possíveis abusos anteriores. “Minha madrasta disse que o (…) falou pro meu pai: ‘Vovô, deixa eu chutar seu pint*’. E depois disse: ‘Vovô, sim, se não faz’. Acho que ele [suspeito] fazia meu filho chutar ele”, contou. Ela disse que ainda não conversou com o filho sobre o caso, mas planeja levá-lo a um psicólogo assim que deixar o hospital.
REVOLTA E NEGLIGÊNCIA FAMILIAR
A mãe também expressou indignação com a postura de familiares. A bisavó, que seria responsável pela guarda da bebê na noite do crime, está foragida, e ela acredita que ela não estava “dopada” por medicamentos, como alegado na delegacia. “Ela disse que tomou remédio e dormiu, mas como? Ela foi dormir às 2h com minha filha, acordou às 5h e já tinha café pronto. Isso não é estar dopada”, afirmou.
A mãe da vítima ainda enfrenta acusações de familiares, incluindo o próprio pai, que a culpa por ter deixado a filha na casa da bisavó. “Meu pai diz que a culpa é minha, que eu sou drogada, que não presto. Como a culpa é da vítima? Minha filha foi abusada, e eu sou culpada?”, desabafou.
CASA FREQUENTADA POR CRIANÇAS
Um aspecto alarmante do caso é que a casa da bisavó era frequentemente visitada por crianças da família, incluindo netos e bisnetos. “Sempre teve criança lá. Eles buscavam meu filho todo fim de semana, pegavam as netas, os netos. Era uma casa cheia de crianças”, relatou, levantando temores de que outros casos possam ter ocorrido.
INVESTIGAÇÕES EM ANDAMENTO
O delegado Lucas Basso, da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) atendeu o caso, que está sob investigação da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher), sob responsabilidade da delegada Sayara Quintero. A prisão de Cícero foi mantida após passar por audiência de custódia nesta quarta-feira, 23, e a polícia busca esclarecer o envolvimento de outros familiares, incluindo a bisavó. A possível denúncia envolvendo o irmão da vítima também será apurada, com acompanhamento psicológico para a criança.
A população de Três Lagoas está em choque com a barbaridade do crime. A Caçula FM segue acompanhando o caso e promete atualizar os ouvintes com novos desdobramentos. Enquanto isso, a mãe pede justiça: “Quero que ele pague pelo que fez com minha filha. E que ninguém mais passe por isso.”
Nota: Por respeito à vítima e à família, nomes foram omitidos quando solicitado. A Caçula FM reforça a importância de denunciar casos de violência contra crianças pelo Disque 100 ou diretamente às autoridades.