A Microsoft anunciou recentemente a criação de um novo estado da matéria, que pode ser a chave para o desenvolvimento de computadores quânticos. Após cerca de 20 anos de pesquisa, a empresa de tecnologia revelou a descoberta em um artigo publicado na revista Nature na última quarta-feira (19), detalhando o desenvolvimento de um novo tipo de qubit, a unidade básica de informação na computação quântica.
Esse novo “qubit topológico” foi criado a partir de um chip de computador inovador, que se comporta de maneira única e poderosa quando resfriado a temperaturas extremamente baixas. A Microsoft acredita que esse chip permitirá a resolução de problemas tecnológicos, matemáticos e científicos impossíveis para os computadores tradicionais. A tecnologia se diferencia de outras abordagens quânticas por sua maior estabilidade, o que a torna mais viável para exploração prática.
A computação quântica, que busca acelerar o desenvolvimento de áreas como inteligência artificial e medicina, tem sido um objetivo de cientistas desde os anos 1980. No entanto, muitos especialistas acreditavam que seria impossível concretizar essa tecnologia nas próximas décadas. A nova descoberta da Microsoft, no entanto, é vista como um avanço significativo, com os cientistas da empresa confiantes de que o primeiro computador quântico pode estar mais próximo do que se imaginava, com um dos líderes do projeto afirmando que “a conquista está a anos de distância, não décadas”.
Essa corrida pela supremacia no desenvolvimento de computadores quânticos está sendo intensificada por grandes empresas de tecnologia, como Google, e governos, como os da China e da União Europeia, que estão investindo bilhões de dólares nessa área. O potencial de um computador quântico vai além das fronteiras da tecnologia e ciência, com implicações significativas para a geopolítica, incluindo a possibilidade de quebrar criptografias que protegem segredos nacionais.
A computação quântica difere dos computadores convencionais ao operar com qubits, que, ao contrário dos bits tradicionais (que têm valores de 0 ou 1), podem representar múltiplos estados simultaneamente. Isso acontece devido ao comportamento peculiar das partículas subatômicas em condições extremas de temperatura. Com o aumento do número de qubits, o poder de processamento dos computadores quânticos se multiplica exponencialmente.
A abordagem da Microsoft, que combina semicondutores com supercondutores, foi proposta pela primeira vez em 1997 e começou a ser desenvolvida no início dos anos 2000. O novo chip criado pela empresa utiliza arsenieto de índio, um semicondutor, e alumínio, um supercondutor, resfriado a cerca de 400 graus negativos. Esse chip exibe um comportamento “sobrenatural”, o que pode representar uma revolução na computação quântica.
Se comprovada a viabilidade dessa tecnologia, o desenvolvimento de um ‘qubit topológico’ poderá acelerar significativamente a criação do primeiro computador quântico real, abrindo portas para novas fronteiras na ciência, tecnologia e até mesmo nas questões de segurança global.
Com informações Correio Braziliense