A Meta, empresa controladora das redes sociais Instagram, Facebook e WhatsApp, anunciou, uma revisão significativa em sua política de “Conduta de Ódio”, alterando a forma como modera o conteúdo publicado nas plataformas. Entre as mudanças mais notáveis está a remoção de restrições relacionadas a discursos sobre imigração, identidade de gênero, orientação sexual e questões de gênero – temas frequentemente abordados em debates políticos e sociais.
Agora, a empresa permitirá a associação de termos relacionados a doenças mentais com essas categorias, um ajuste que levanta questões sobre os limites do discurso nas redes sociais.
Em um comunicado oficial, a Meta esclareceu: “Permitimos alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, considerando o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade”. A alteração abre um precedente para debates mais amplos sobre temas controversos, permitindo a circulação de discursos que antes eram restritos, como afirmações associando a identidade de gênero ou a orientação sexual a condições psiquiátricas.
Joel Kaplan, diretor global de assuntos institucionais da Meta, justificou a mudança, argumentando que não faz sentido que certos tipos de discursos sejam permitidos em outros espaços públicos, como na televisão ou no Congresso, mas sejam proibidos nas plataformas digitais da Meta. Para Kaplan, o objetivo é alinhar as regras das redes sociais com as práticas de moderamento que ocorrem em outras esferas públicas, onde temas semelhantes são debatidos com mais liberdade.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, também se manifestou sobre a revisão das diretrizes. Segundo ele, as políticas atuais da empresa estavam “desconectadas do discurso predominante” e precisavam ser atualizadas para refletir melhor os debates contemporâneos. A mudança reflete uma tentativa de adaptar as plataformas aos tempos atuais e de aproximá-las das dinâmicas de discussão em espaços públicos tradicionais.
Em uma movimentação adicional, Zuckerberg anunciou, no mesmo dia, que o sistema de verificação de fatos, amplamente utilizado para checar informações nas redes sociais, será substituído pelas “notas da comunidade”, que têm como objetivo fornecer uma alternativa mais dinâmica e colaborativa. Em seu discurso, Zuckerberg também criticou o que chamou de “tribunais secretos” na América Latina, uma referência aos processos de moderação de conteúdo que, segundo ele, não seriam suficientemente transparentes.
As novas diretrizes e mudanças na moderação de conteúdo da Meta, assim como os discursos de seus líderes, estão sendo vistas como uma forma de alinhamento à política institucional do novo governo de Donald Trump, que assumirá a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro. As decisões da empresa podem ter implicações significativas sobre a liberdade de expressão e os limites da moderação nas redes sociais, impactando debates e discursos públicos em uma era de crescente polarização política.