Geral – 02/01/2012 – 14:01
O mercado financeiro aumentou ligeiramente sua previsão para a inflação pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2011, mas reduziu o prognóstico para os preços neste ano, de acordo com o relatório Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (2).
Também segundo o documento, os agentes voltaram a reduzir suas estimativas para o crescimento da economia para o ano passado e 2012. A previsão para a Selic foi mantida em 9,50% no final deste ano.
O mercado acredita que a inflação pelo IPCA fechará 2011 em 6,55%, ante 6,54% na estimativa anterior, terceira semana consecutiva de alta. Se tal previsão se confirmar, será a primeira vez desde 2004 –quando o IPCA subiu 7,60%– que a inflação vai estourar o teto da meta, de 6,50%.
Para 2012, por outro lado, investidores reduziram pela quinta semana seguida a estimativa para a alta do IPCA em 2012, acreditando agora que o índice terá acréscimo de 5,32% no acumulado deste ano, contra 5,33% há uma semana. Os agentes acreditam que a inflação convergirá ainda mais para o centro da meta (4,5%) em 2013, fechando o ano em 5,00%.
No caso da Selic, o mercado manteve as perspectiva de que a taxa básica de juros terminará 2012 em 9,50% ao ano, com mais dois cortes de 0,50 ponto cada em janeiro e março. Mas investidores projetam que o BC elevará o juro a 9,75% em fevereiro de 2013, com a taxa alcançando 10,25% em junho de 2013 e 10,38% no final do ano que vem, segundo a mediana das estimativas.
Em 2011, o BC cortou a Selic em três ocasiões, para 11,00% ao ano, em meio aos esforços do governo para estimular a economia, afetada pela crise internacional. Ainda assim, mesmo com mais perspectivas de reduções da taxa básica, investidores seguiram reduzindo as projeções para o crescimento da economia.
Segundo o Focus, a mediana para as previsões para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) em 2011 caiu a 2,87%, ante 2,90% na semana anterior. Para 2012, o crescimento estimado foi reduzido a 3,30%, contra 3,40% no documento anterior. A estimativa para o avanço do PIB em 2013 ficou em 4,25%.
Em relação ao dólar, o mercado aposta que a taxa de câmbio terminará 2012 em 1,75%, segundo a mediana dos prognósticos.
PREVISÕES NO FINAL DE 2010 E A CRISE
O comportamento dos mercados em 2011 não corroborou as previsões de investidores contidas no último relatório Focus de 2010, em boa parte devido ao agravamento da crise na zona do euro.
No final de 2010, o cenário para a inflação em 2011 já estava piorando, mas as estimativas eram bem menores que as taxas anuais registradas em boa parte do ano passado e não contemplavam a possibilidade de estouro da meta.
No último relatório Focus de 2010, a previsão para a alta do IPCA em 2011 estava em 5,32%, subindo pela quarta semana consecutiva. A essa altura, o crédito estava farto e o desemprego batia mínimas recordes, já acendendo a luz amarela sobre possíveis pressões inflacionárias.
Para conter a piora nas expectativas, o governo anunciou em dezembro daquele ano medidas de restrição no crédito à pessoa física, visando moderar o consumo. Ainda assim, o que se viu no decorrer de 2011 foi um salto nos preços, que anualizados superaram 6% já em fevereiro e chegaram a um pico de 7,31% em setembro.
A piora no cenário internacional a partir do segundo semestre teve impacto relativamente moderado sobre a inflação, que ainda ameaça superar o teto da meta, de 6,5%. Foi, no entanto, decisiva para uma reviravolta nas projeções para a Selic, com o juro básico terminando 2011 a 11,00% ao ano, contrariando em cheio estimativa de 12,25% ao ano contida no último relatório Focus de 2010.
A turbulência no exterior também provocou expressivas mudanças nas projeções para o crescimento da economia. No final de 2010, o mercado previa que o PIB brasileiro cresceria 4,5% no ano passado, elevando essa projeção a 4,6% no final de janeiro. Mas desde então as perspectivas vêm sendo revisadas para baixo, especialmente no segundo semestre, com os agentes agora prevendo que a atividade tenha crescido 2,87% em 2011.
O dólar foi outra variável que não chancelou as perspectivas de investidores dadas no final de 2010. A moeda norte-americana chegou a cair à mínima desde 1999 em julho passado, mas o aumento da aversão a risco internacional fez a cotação disparar nos últimos seis meses, fechando 2011 com um salto de 12,15%, a R$ 1,8685 na venda.
O último Focus de 2010 trazia uma estimativa de R$ 1,75 para 2011.
Fonte: DA REUTERS