As áreas de pastagens de Mato Grosso do Sul estão dando lugar à agricultura e silvicultura nos últimos 16 anos. É o que revela o MapBiomas, Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil, divulgado nesta quarta-feira (13).
O projeto analisou imagens de satélite entre 1985 e 2020 e analisou características do solo do país. Uma das conclusões alcançadas é que, nesse período, a área para pastagens até cresceu em MS, mas num ritmo muito menor que outras culturas. Enquanto que os espaços usados para pastagens cresceu cerca de 20%, as plantações tiveram incremento de quase 500% e áreas com plantações de eucaliptos e pinus (silvicultura) registraram alta de 2.000%.
“A área de pastagem no MS cresceu até mais ou menos 1998. Nos anos 2000 deu uma estabilizada, mas vem caindo agora. Atingiu cerca de 18 milhões de hectares em 2004/05 e vem diminuindo”, analisa o pesquisador da UFG (Universidade Federal de Goiás) e integrante do projeto MapBiomas, Vinícius Vieira Mesquita.
A mudança no perfil econômico se dá, principalmente, pela dificuldade de manejo dessas áreas de pastagens. “Com isso, áreas agrícolas e de silvicultura passam em cima dela, por ser mais lucrativo e estável. A área de pastagem, dependendo, é muito difícil de manejo, com terra arenosa, então, é bem complicado”, avalia o pesquisador.
Dessa forma, o especialista explica que o cultivo de culturas como algodão, soja e milho acabam sendo mais lucrativas. “O desenvolvimento de novas tecnologias possibilitou colocar soja e algodão em solo arenoso e isso ampliou os horizontes do que pode aproveitar de área”, explica Mesquita.
Outros resultados
Conforme divulgado pelo Mapbiomas, em todo o país, o principal uso do solo ainda é a pastagem: ela ocupa 154 milhões de hectares de norte a sul
do país, com presença em todos os seis biomas. Essa área praticamente equivale a todo o Estado do Amazonas, que tem 156 milhões de hectares
A análise das imagens de satélite entre 1985 e 2020 permitiu também avaliar a qualidade das pastagens brasileiras e constatar uma queda nas áreas com sinais de degradação de 70% em 2000 para 53% em 2020.
Essa melhora foi identificada em todos os biomas, sendo que os que apresentaram maior retração nas áreas severamente degradadas foram Amazônia (60%), Cerrado (56,4%), Mata Atlântica (52%) e Pantanal (25,6%).
“As pastagens degradadas agravam a contribuição do setor agropecuário para as emissões dos gases que estão alterando o clima, com efeitos perversos sobre a própria atividade agropecuária”, explica Laerte Ferreira, professor e pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás e coordenador do levantamento de pastagens do MapBiomas.
Informações do site Midiamax