Segundo a PF, cervejaria Petrópolis teria auxiliado a Odebrecht a pagar propina através da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior. Cervejaria ainda não se manifestou.
31/07/2019 09h26
Por: Deyvid Santos
CURITIBA (PR) – Em cooperação com o Ministério Público Federal e com a Receita Federal, a Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (31) a 62ª fase da Operação Lava Jato, denominada “Rock City”. A operação cumpre mandados de busca e apreensão em 15 municípios, incluindo a cidade sul-mato-grossense Cassilândia.
Esta nova etapa mira o pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais e operações de lavagem de dinheiro feitas pelo Grupo Petrópolis, da marca de cerveja Itaipava. O presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria, é um dos alvos, mas até as 8h45 ainda não tinha sido localizado.
De acordo com a PF, foram expedidos um mandado de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão. Até as 8h45 desta terça-feira, três pessoas tinham sido presas.
Segundo a investigação, o Grupo Petrópolis teria auxiliado a Odebrecht a pagar propina através da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior (leia mais sobre a investigação abaixo).
As investigações da Lava Jato envolvendo o Grupo Petrópolis remontam a 2016, quando uma planilha com nomes de políticos e referência à cerveja Itaipava foi achada na casa do executivo da construtora Odebrecht Benedicto Junior.
Segundo delação do executivo, a construtora utilizou o Grupo Petrópolis para realizar doações de campanha eleitoral para políticos de outubro de 2008 a junho de 2014.
Em setembro de 2017, Walter Faria entregou à Polícia Federal planilhas com informações sobre repasses da empresa a políticos a pedido da Odebrecht. De acordo com os documentos, 255 doações foram realizadas somente nas campanhas de 2010 e de 2012, somando mais de R$ 68 milhões
Além da Itaipava, o grupo Petrópolis é dono de marcas de cerveja como Crystal, Lokal e Petra, além do energético TNT. O grupo tem sete fábricas em cinco estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Mato Grosso.
A reportagem entrou em contato com o Grupo Petrópolis, mas até as 10h não teve resposta.
Lavagem de R$ 329 milhões
Segundo o Ministério Público Federal (MPF) informou nesta quarta-feira, as investigações apontam que Walter Faria e outros executivos do Grupo Petrópolis atuaram na lavagem de cerca de R$ 329 milhões de reais em contas fora do Brasil.
Segundo a PF, estas doações resultaram em uma dívida de R$ 120 milhões da Odebrecht com a cervejaria. Em contrapartida, a Odebrecht investia em negócios do grupo.
Os investigadores apontam ainda que Faria usou o programa de repatriação de recursos de 2017 para trazer ao Brasil, de forma ilegal, R$ 1,4 bilhão que foram obtidos por meio do esquema.
Mandados em 15 cidades de 5 estados
Os mandados são cumpridos pela PF em 15 cidades diferentes e foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba. A nova fase foi batizada de Rock City.
Em São Paulo, foram cumpridos mandados em Boituva, Fernandópolis, Itu, Vinhedo, Piracicaba, Jacareí, Porto Feliz, Santa Fé do Sul, Santana do Parnaíba e São Paulo. Também foram cumpridos mandados em Cuiabá (MT), Cassilândia (MS), Belo Horizonte (MG), Petrópolis e Duque de Caxias (RJ).
Informações do site G1.com