19/08/2016 – Atualizado em 19/08/2016
Por: Marcio Ribeiro com Midiamax
A juíza argentina encarregada dos crimes cometidos durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939) investigará o assassinato do escritor Federico García Lorca, ocorrido há 80 anos, informou nesta quinta-feira (18) a associação de vítimas do franquismo.
“A juíza María Servini já aceitou a denúncia e se pôs a trabalhar sobre o tema”, disse Emilio Silva, presidente da Associação para a Recuperação da Memória Histórica (ARMH).
A magistrada de Buenos Aires incluiu o caso do poeta e dramaturgo dentro da causa que, valendo-se do princípio de justiça universal, foi aberta em 2010 para investigar violações dos direitos humanos durante a Guerra Civil e a ditadura de Francisco Franco (1939-1975), segundo Silva.
“Servini solicitará ao governo espanhol qualquer informação relacionada com o caso que possa existir em qualquer arquivo”, acrescentou. Ainda segundo ele, a juíza poderá viajar em breve à Espanha para recolher mais informações.
80 anos depois
A investigação é anunciada na semana em que são completados 80 anos da morte do escritor, fuzilado em agosto de 1936 durante os primeiros dias da guerra perto de Granada, no sul da Espanha.
Seus restos, jogados em uma vala comum, nunca foram achados. Em setembro, começará a terceira operação de busca, anunciou recentemente o arqueólogo que dirige os trabalhos.
A ARMH é a responsável pelo pedido de investigação, com base em um documento de 1965 que permaneceu “oculto” por décadas no arquivo do Ministério do Interior. “No texto, pela primeira vez, o Estado franquista reconhece o assassinato de Lorca”, diz Silva.
O documento, um relatório da polícia de Granada, indica que o poeta “passou pelas armas e foi enterrado muito à flor da terra”.