25.5 C
Três Lagoas
segunda-feira, 31 de março, 2025

Juíza da 2° Vara do Trabalho fala do aumento de ações trabalhistas em 2024 em Três Lagoas

Beatriz Maki detalhou que os processos cresceram 30% em 2024, com destaque para casos de horas extras e insalubridade.

O volume de processos trabalhistas cresceu significativamente em Três Lagoas em 2024, registrando mais de três mil ações na Justiça do Trabalho. O aumento representa um crescimento de 30% no total de reclamações, sendo que as disputas envolvendo horas extras tiveram um salto ainda maior, de 57,5%. Para entender os fatores por trás desses números, o programa A Hora da Notícia, da Caçula FM 96,9, entrevistou nesta quinta-feira, 13, a juíza titular da 2ª Vara do Trabalho do município, Beatriz Maki Shinzato Capucho.

Segundo a magistrada, o crescimento expressivo das ações trabalhistas está diretamente relacionado à evolução da sociedade e das formas de trabalho. “Antigamente, pensávamos na jornada de trabalho como algo fixo, de segunda a sexta-feira, com expediente aos sábados. Hoje, com a necessidade de funcionamento contínuo das empresas, temos escalas como 4×2, 5×3, 6×1, 12×36 e turnos ininterruptos de revezamento. Isso gera conflitos quanto ao cumprimento de jornadas, compensação de horas e banco de horas”, explicou Capucho.

A juíza destacou que, com essa nova dinâmica, surgem desafios para empresas e trabalhadores. “Para a empresa, muitas vezes, é mais vantajoso exigir horas extras dos funcionários do que contratar novos colaboradores. Por outro lado, o trabalhador percebe que, ao fazer mais horas extras, tem menos tempo de descanso e lazer com a família. Esses interesses divergentes acabam gerando mais ações na Justiça”, pontuou.

Entre os segmentos que mais registram disputas trabalhistas, a juíza citou as empresas que operam 24 horas, especialmente no setor de transporte. “A jornada do motorista, por exemplo, é muito complexa e regulada por normas específicas, o que gera conflitos frequentes.”

Questionada sobre a duração média de um processo, Capucho explicou que, embora a Justiça do Trabalho busque dar celeridade às demandas, é necessário tempo para análise adequada. “Hoje, conseguimos resolver casos em um prazo de seis a dez meses, considerando todas as etapas, como audiência de conciliação, instrução, coleta de provas e sentença. Mas quando há acordo entre as partes, o desfecho pode ser muito mais rápido”, afirmou.

A magistrada enfatizou a importância da conciliação como alternativa para encurtar a tramitação dos processos. “O ideal é que as partes cheguem a um entendimento antes de recorrer à Justiça. Muitas vezes, quando um caso vai a julgamento, a decisão final pode não agradar completamente nem o empregador nem o trabalhador.”

Outro tema recorrente nas ações trabalhistas em Três Lagoas é o adicional de insalubridade. Segundo Capucho, os pedidos mais frequentes vêm de profissionais da área de manutenção industrial e da limpeza de sanitários de uso coletivo. “O Tribunal Superior do Trabalho (TST) reconhece que a higienização de banheiros públicos de grande circulação pode dar direito ao adicional de insalubridade, assim como ocorre com trabalhadores expostos a graxa, óleo e solda. Muitas empresas não pagam esse benefício espontaneamente, o que leva os trabalhadores a buscarem seus direitos na Justiça”, explicou.

Ela ressaltou que a insalubridade é uma questão técnica e que as empresas devem tomar medidas para eliminar ou reduzir os riscos. “O ideal é que ninguém precise receber adicional de insalubridade, pois isso significa que o ambiente de trabalho já está adequado e seguro. O problema surge quando há falhas no fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ou na adoção de medidas coletivas para mitigar os riscos.”

A juíza reforçou que os trabalhadores estão cada vez mais informados sobre seus direitos, o que contribui para o aumento das ações trabalhistas. “Muitos são orientados pelos sindicatos ou por colegas de trabalho. Mesmo sem conhecer a legislação em detalhes, eles percebem quando há algo errado em suas condições de trabalho e buscam ajuda”, comentou.

Por fim, Capucho destacou que, quando há indícios de que a violação dos direitos trabalhistas configura crime, a Justiça do Trabalho encaminha o caso para as autoridades competentes. “Nosso papel vai além de julgar ações individuais. Se identificamos que uma prática pode colocar em risco a integridade dos trabalhadores, acionamos o Ministério Público do Trabalho para que as medidas cabíveis sejam tomadas”, concluiu.

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

Hospital Regional de Três Lagoas contabiliza mais de 100 cirurgias de catarata no trimestre

Foram 49 cirurgias realizadas em janeiro, 33 em fevereiro e outras 40 agendadas em mutirão que será realizado ainda neste mês de março.

Leis garantem auxílio a vítimas de violência doméstica e para mulheres chefe de família em MS

Elaborado desde o ano passado pela Sead, o programa Recomeços vai atender mulheres vítimas de violência doméstica que estejam em situação de acolhimento na Casa Abrigo para Mulheres e que necessitem de auxílio financeiro.

MS tem produção recorde de etanol e avança na descarbonização do setor bioenergético

A aquisição de equipamentos visa aprimorar a infraestrutura das salas de vacina, garantindo melhor conservação e controle das doses.