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Japoneses lutam para proteger comida de radiação

Geral – 25/01/2012 – 11:01

Enquanto as plantações de arroz mudavam de cor devido ao outono, os fiscais chegavam à região de Onami, no Japão, para verificar se ali ainda havia contaminação radioativa.

Onami fica a apenas 56 quilômetros da usina nuclear de Fukushima Daiichi, que foi danificada pelo tsunami de março do ano passado e expeliu césio radioativo sobre grande parte desta região. No entanto, os inspetores do governo declararam que o arroz cultivado em Onami é seguro para consumo depois de terem testado apenas duas das 154 fazendas de cultivo.

Alguns dias depois, um fazendeiro descrente dos testes feitos em Onami quis ter certeza de que seu arroz estava seguro para o consumo, já que um neto seu iria visitá-lo. Ele testou suas plantações e descobriu que continham níveis de césio que excediam o limite de segurança imposto pelo governo.

Nas semanas seguintes, mais de uma dúzia de outros agricultores também encontraram níveis preocupantes de césio.

O pânico da população fez com que o governo japonês interferisse e prometesse fazer o teste com muita cautela em 25 mil fazendas de arroz no leste da província de Fukushima, onde a usina está localizada.

O alvoroço mostra a maneira com a qual, quase um ano depois do grande terremoto e tsunami que causaram a destruição da planta usina de Daiichi Fukushima, o Japão ainda está lutando para proteger seu suprimento de alimentos da contaminação radioativa.

A descoberta das plantações de arroz contaminadas em Onami e um caso semelhante em julho envolvendo carne contaminada fizeram com que autoridades começassem a tentar esconder as medidas com as quais o governo tem realizado a triagem dos alimentos e declarado que são seguros para consumo.

Os repetidos fracassos têm criado preocupações de que alguns japoneses possam ter sido expostos a níveis perigosos de radiação em seus alimentos, por mais lamentável que isso seja.

Eles também tiveram um efeito negativo na confiança que o público tem nos esforços de monitoramento de alimentos feito pelo governo, com grande parte da população, assim como muitos especialistas, chegando a acreditar que oficiais do governo têm suavizado ou até mesmo encoberto a verdadeira extensão do risco à saúde pública para limitar os danos à economia e o tamanho das possíveis compensações às vítimas.

Críticos dizem que oficiais de saúde e peritos em agricultura têm permitido que os alimentos sejam liberados para os mercados sem testes adequados de uma maneira muito rápida ou até mesmo ignorado os pedidos dos consumidores para divulgar plenamente os resultados dos testes.

“Desde o acidente, o governo tem continuado com sua postura de que as coisas continuam iguais e até mesmo subestimando a gravidade do acidente e insistido que sabe o que é melhor para a população”, disse Mitsuhiro Fukao, professor de economia da Universidade Keio, em Tóquio, que escreveu sobre a perda da confiança no governo. “Mas as pessoas estão descobrindo a verdade em blogs, no Twitter e no Facebook, que revelam que o sistema de monitoramento de alimentos do governo simplesmente não é confiável.”

Por Martin Fackler

Fonte: Ig

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