Brasil registrou mais de 344 mil internações em 2024 devido a doenças associadas à falta de saneamento ambiental, de acordo com pesquisa do Instituto Trata Brasil divulgada nesta quarta-feira (19). Destas, 168,7 mil são causadas por infecções transmitidas por insetos, como a dengue, enquanto 163,8 mil referem-se a doenças de transmissão feco-oral, como as gastroenterites.
Apesar do número elevado, que representa cerca de 950 internações diárias, os dados indicam uma queda média de 3,6% por ano desde 2008. A situação, no entanto, é mais crítica em algumas regiões, com destaque para a Região Centro-Oeste, que teve a maior taxa de internações devido ao surto de dengue em 2024, e a Região Norte, onde a taxa de doenças feco-orais foi o dobro da média nacional.
Os estados mais afetados foram Amapá e Rondônia, com as maiores taxas de internação por doenças relacionadas ao saneamento. O Maranhão, no Nordeste, registrou a taxa mais alta do país para doenças feco-orais, com 42,5 internações a cada 10 mil habitantes, seis vezes a média nacional.
Essas doenças têm relação direta com a falta de saneamento básico, que facilita a transmissão de vírus, bactérias e parasitas, principalmente por meio de água e alimentos contaminados. O Instituto Trata Brasil aponta que as populações mais afetadas são as de menor poder aquisitivo, com 64,8% das internações em 2024 sendo de pessoas negras ou pardas. Além disso, crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis, representando 43,5% das internações.
O estudo também revela que a melhoria do acesso à água tratada e ao saneamento básico poderia reduzir em quase 70% as internações no país, resultando em uma economia anual de R$ 43,9 milhões.
Em relação à mortalidade, em 2023, 11.544 óbitos foram registrados devido a doenças relacionadas ao saneamento, sendo a maioria (5.673) por infecções feco-orais. Embora a taxa de mortalidade tenha caído desde 2008, o número permanece estagnado em muitos municípios, com 1.748 cidades apresentando aumento na mortalidade.
Os idosos representam a maior parte das mortes, com 76% dos óbitos registrados. A taxa de mortalidade entre os indígenas é quatro vezes superior à da população geral, embora o número absoluto de óbitos seja menor.
Com informações Agência Brasil