Vistoria é feita de três em três dias e embargo à exportação imposto pelo mercado japonês deva durar apenas “por dias”.
CORREIO DO ESTADO – Vice-presidente da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul), Cristiano Moreira de Oliveira, disse nesta quinta-feira (21) que desde o dia 16, cinco dias atrás, data que confirmou-se um foco de gripe aviária em criação doméstica, detectado em Bonito, cidade distante 300 km de Campo Grande, fiscais da Agência rastreiam, a cada três dias, 115 propriedades situadas aos arredores do local onde descobriu-se a doença.
Oliveira anunciou ainda que nos últimos cinco dias a fiscalização examinou em torno de 1.400 aves e que o serviço de vigilância não constatou nenhum caso da doença. As propriedades examinadas distanciam em até 10 km da localidade em que verificou-se o foco da gripe aviária, que é causada pelo vírus de influenza A, tido como altamente patogênico.
Assim como previu o secretário do Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o vice-presidente da Iagro, Cristiano de Oliveira, crê também que o embargo do Japão à carne de frango do MS, deva durar por “questões de dias”. Verruck disse a proibição da venda alcance 28 dias. Embora a mensagem positiva, Oliveira fez um alerta aos criadores de frango e pediu-lhes que se houver “qualquer suspeita da doença” que recorram a Iagro para narrar o histórico por meio do whatsapp (99961-9205).
O vice-presidente sustentou que a fiscalização, em seguida, vai até a propriedade investigar a questão. Ele afirmou, ainda, que a Igro tem cumprido os protocolos para a preservação da biosseguridade da avicultura do Brasil. Alguns sintomas comuns em aves infectadas é: problemas respiratórios, corrimento nasal, diarreia e andar cambaleante.
NÚMEROS
O Brasil é líder mundial nas exportações de frango, respondendo por 35% do mercado global. Em Mato Grosso do Sul, no ano passado, a avicultura foi responsável por movimentar mais de R$ 1,6 bilhão em exportações (US$ 339 milhões), conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. De janeiro a agosto deste ano, as indústrias do Estado faturaram US$ 236 milhões (R$ 1,14 bilhão) em produtos da avicultura negociados internacionalmente. O setor tem 550 produtores e emprega cerca de 50 mil trabalhadores.
Jaime Verruck afirma que o embargo japonês deve gerar impacto mínimo na economia local, pois as indústrias conseguirão dar nova destinação às 2,5 mil toneladas que deixarão de ser enviadas ao Japão nesse período em que deve durar o embargo. E, de acordo com ele, as indústrias nem mesmo vão alterar sua rotina de trabalho durante estas quatro semanas
Mas, apesar do “otimismo” do secretário, o setor de exportações está preocupado com o foco de Bonito porque é o primeiro no interior do País. Os outros dois em aves domésticas foram localizados próximo ao litoral, onde também foram encontrados os outros 103 focos em aves silvestres marinhas. Até agora a Iagro não informou a possível origem do vírus, mas a suspeita é de que tenha chegado à propriedade rural de Bonito por meio de alguma ave migratória. E, se isto se confirmar, o temor é de que outras aves contaminadas possam levar o vírus a outras regiões do Estado ou às granjas de produção comercial.
Conforme o protocolo de biossegurança adotado pelo Japão, o Brasil deve enviar relatório sobre todas as medidas adotadas para controle epidemiológico 28 dias após a confirmação do foco, cabendo às autoridades japonesas a retomada ou não das importações.