Geral – 27/03/2012 – 18:03
Irmã do ator Fabrício Boliveira morreu após cair de uma altura de 20 m no domingo
O diretor do Clube São Conrado de Voo Livre, Vinícius Cordeiro, onde o instrutor Allan Figueiredo é cadastrado, disse nesta terça-feira (27) que houve falha na checagem final do voo de parapente da nutricionista Priscila Boliveira, irmã do ator Fabrício Boliveira, que morreu no último domingo (25) após cair de uma altura de 20 m na praia de São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro. Segundo ele, o resultado da avaliação final dos pilotos do clube sobre o acidente, que será divulgado nesta tarde, apontou que Figueiredo foi imprudente ao deixar a jovem decolar sem verificar os equipamentos de segurança.
- Nós concluímos que houve uma falha na checagem final do instrutor. Naturalmente, ele deve ter checado na primeira tentativa de voo. Mas na segunda, alguém provavelmente teria ajudado a jovem a andar na rampa [da pedra Bonita].
Figueiredo prestou depoimento no domingo após o acidente. Segundo o delegado Fabio Oliveira Barucke, titular da Delegacia da Gávea (15ª DP), onde o caso está sendo investigado, o instrutor será ouvido mais uma vez na próxima sexta-feira (30).
Cordeiro disse que o clube decretou três dias de luto pela morte da nutricionista e que ainda não há previsão de reabertura da rampa.
A assessoria do ator Fabrício Boliveira informou que o enterro da nutricionista, que morava em Salvador e estava de férias no Rio, está marcado para esta terça, na capital da Bahia, mas que a data pode ser transferida para quarta-feira, caso a família considere necessário.
Instrutor tem licença para trabalhar suspensa
Figueiredo está com a licença para trabalhar suspensa temporariamente. A informação foi confirmada nesta terça-feira pelo presidente da ABVL (Associação Brasileira de Voo Livre), Marcelo Almeida. Segundo ele, caso a culpa do instrutor pela morte de Priscila seja comprovada, ele perderá a permissão para voar definitivamente.
Oliveira disse que vai aguardar o laudo da perícia para examinar o parapente usado pela dupla no dia do acidente. Segundo ele, o equipamento estava em ordem e a documentação em dia.
Oliveira disse ainda que as imagens gravadas por amigos e turistas que estavam na pedra Bonita no domingo mostram que Priscila decolou na primeira tentativa de voo com as pernas presas ao parapente. Já na segunda vez, de acordo com as imagens, a jovem estava solta. Ele acredita que o instrutor tenha falhado na hora da vistoria final.
- Pelo que nós vimos nas imagens, estava tudo intacto. Não se sabe se ela pediu para ele soltá-la ou se ela se soltou. Alguém desconectou aquilo. Faltou uma checagem final antes do voo.
Apesar de apontar a falha do instrutor, Oliveira afirmou que Figueiredo estava com a licença em dia.
Venda de voos duplos de parapente são proibidos
Os voos duplos em asa delta e parapente com fins lucrativos são proibidos pelo artigo 177 do Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 11° 7.565/86), que fixa que o serviço aéreo privado recreativo ou esportivo só pode ser realizado sem remuneração. Segundo a legislação, o voo duplo só é permitido para treino com instrutor. Já o Regulamento Brasileiro de Homologaçäo Aeronáutica, através do RBHA 103-A e RBHA 104, emitidos pelo DAC (Departamento de Aviação Civil), classifica esses veículos como experimentais.
Para praticar o voo livre, turistas assinam um termo de compromisso em que afirmam serem alunos e assumem todos os riscos da atividade.
Em 2010, o Ministério Público Federal recomendou à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) que fiscalizasse periodicamente a rampa da Pedra Bonita, de onde decolou a jovem no último domingo (25).
O titular da 15ª DP disse que vai indiciá-lo por homicídio culposo (sem a intenção de matar) nesta terça.
Corpo da jovem será enterrado nesta terça na Bahia
Segundo o delegado, o instrutor tem autorização para trabalhar e é cadastrado no Clube São Conrado de Voo Livre. A jovem, que é irmã do ator Fabrício Boliveira, caiu de uma altura de aproximadamente 20 m. Ela morava em Salvador e estava de férias no Rio.
Segundo o presidente da ABVL, para ser instrutor de parapente, é necessário pelo menos cinco anos de experiência em voo livre. O profissional deve passar por um curso de vários níveis até atingir o de instrutor.
- Ele tem que passar por vários níveis até chegar a instrutor. Isso leva cinco anos ou mais. Ele vai mudando de nível. Após o nível 4, o aluno faz uma prova escrita com 75 questões, que cai de tudo, desde primeiros socorros a questões de segurança. Depois, ele faz uma prova prática de 10 voos como aluno e de 10 voos como piloto, na companhia do instrutor. A carteira é emitida pela entidade que ele fez o treinamento.
Polícia tenta localizar câmera que fica presa a parapente
A polícia também tenta localizar a câmera que teria sido usada para registrar o voo. Segundo o diretor do clube, Vinícius Cordeiro, a câmera desapareceu após o acidente.
- A haste que carrega a câmera sumiu. Nós instauramos uma comissão para procurar esta câmera e saber o que houve. O que pode ter acontecido é que, na hora da decolagem, o lacre da câmera pode ter rompido. Nós temos interesse nestas imagens para saber o que aconteceu. Esta foi a primeira vez que isso aconteceu na história do clube.
Ainda de acordo com Vinícius, a rampa de voo livre da pedra da Gávea está fechada por tempo indeterminado.
Polícia abre inquérito para apurar acidente
A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as causas do acidente na segunda-feira (26). O instrutor não sofreu nenhum ferimento. O laudo da perícia deve ficar pronto em 15 dias.
O advogado do instrutor de voo que estava com Priscila, Marco Aurélio Gomes dos Santos, disse que houve um problema na primeira tentativa de voo, que a dupla já tinha caído antes de saltar e que, por isso, houve duas decolagens.
- Houve duas decolagens. Na primeira, o parapente caiu na rampa. Eles voltaram e não sabemos se a Priscila mexeu nos equipamentos que prendiam ela. Depois, eles voltaram para rampa e eles fizeram uma segunda decolagem. Essa segunda decolagem foi certa. O que ele disse foi que, quando ele decolou, ela estava mais abaixo, aí ele percebeu que ela estava escorregando. Então ele a agarrou. E quando se voa, tem que segurar os comandos do parapente. E ele deixou os comandos soltos, para segurar ela.
O advogado disse ainda que Figueiredo não tinha condições de falar, pois estava muito abalado. Segundo ele, o instrutor tem 12 anos de profissão e vai colaborar com a autoridade policial para descobrir o motivo da morte de Priscila.
- Ele está muito abalado e nós estamos colaborando com a autoridade policial. Não houve falha humana. Ele disse que agarrou a Priscila como podia, com as pernas e com os braços, porque o interesse dele era ir para água.
Amigos da jovem acreditam que houve falha em equipamentos. O Clube São Conrado de Voo Livre, responsável pelo salto, negou. Segundo Cordeiro, o clube vai procurar saber o que houve.
- Temos que descobrir o que aconteceu. Isso nunca aconteceu antes no Rio.
O ator Fabrício Boliveira também ficou muito abalado com o acidente e não quis falar com a imprensa. Ele atuou nas novelas A Favorita e Sinhá Moça, ambas da Rede Globo, e ainda no filme Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora É Outro. Agora, ele vai participar do filme Faroeste Caboclo.
Fonte: R7