Educação – 03/01/2012 – 16:01
Parte essencial da prova do vestibular, a redação pode ser a responsável por um aumento na média final ou a culpada por uma queda de desempenho no teste. Tudo vai depender da qualidade da sua dissertação. Rosane Reis, professora de português e redação do Sistema Elite de Ensino, aconselha cuidado redobrado dos vestibulandos nos itens que mais descontam pontos: não fugir do tema proposto, usar a norma culta da língua, evitar uso de chavões e clichês e erros de português.
Para os estudantes que farão a segunda fase da Fuvest a partir de domingo e para todos aqueles que querem aprender a fazer um bom texto, a criadora do site Redação Corrigida, fez uma lista dos cinco erros mais comuns e apontou dicas para fugir deles. Confira:
- Pontuação
De acordo com a professora, o uso indevido da pontuação é o erro mais frequente nas provas e também um dos que mais desconta pontos da média final. “O maior erro está no uso indevido da vírgula”, afirma. Por isso, é preciso estar atento a algumas regras básicas de vírgula.
A vírgula é usada para:
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separar termos que têm mesma função sintática na oração: “Fui ao mercado e comprei banana, maçã, uva e limão”.
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isolar o vocativo: “Então, minha amiga, o que vamos fazer hoje?”
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isolar o aposto: “Carlos, médico veterinário, veio cuidar do meu gato.
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isolar termos antecipados: “Quis sair correndo de vergonha, quando vi que todos olhavam para mim.
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separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim etc.
Atenção: Nunca separar o sujeito do verbo com a vírgula.
- Conjunções
Rosane afirma que outro grande problema nas redações é a coesão textual. Ou seja, a interligação entre uma frase e outra, para que a argumentação faça sentido. De acordo com a professora, o uso de conjunções é essencial para isso, pois elas são responsáveis por conectar orações, não deixando que o texto se torne apenas uma junção de frases soltas. “Por falta de leitura, os vestibulandos não têm o costume de usar conjunções. E isso é inadmissível”, fala. Para evitar este tipo de erro, relembre algumas conjunções:
Conjunções coordenativas (ligam orações independentes entre si)
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aditivas: e, não só, mas também.
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adversativas: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto.
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alternativas: ora (…) ora, ou (…) ou.
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conclusivas: logo, portanto, pois, então.
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explicativas: porque, que.
Conjunções subordinativas (ligam orações dependentes entre si)
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integrantes: que, se.
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causais: porque, uma vez que, já que, como.
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concessivas: embora, ainda que.
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comparativas: mais (…) do que, menos (…) do que, assim como.
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condicionais: se, contando que, desde que, caso, a não ser que.
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conformativas: conforme, segundo, consoante.
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consecutivas: tanto que, tão que.
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finais: para que, a fim de que.
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proporcionais: à medida que, quanto mais, quanto menos, à proporção que.
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temporais: quando, antes que, depois que, até que, logo que, enquanto.
- Concordância verbal
Para uma frase fazer sentido, o verbo deve concordar com o sujeito em número e pessoa, certo? Pode parecer óbvio, mas a professora Rosane alerta para o fato de esse ser outro erro extremamente comum nas redações de vestibulares. Segundo ela, tudo ocorre bem quando a oração é simples, mas o problema surge com frases com mais de um sujeito, ou com casos de pronome relativo, por exemplo. Atenção para algumas dicas:
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Se o verbo tiver como sujeito o pronome relativo “que”, ele concordará em número e pessoa com o antecedente do pronome: Foram as garotas da promoção que me disseram.
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Se o relativo “que” vier antecedido da expressão “um dos”, o verbo vai para a terceira pessoa do plural: Marcos é um dos cozinheiros que têm conseguido mais resultado.
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Se houver dois ou mais sujeitos de pessoas gramaticais diferentes, o verbo irá para o plural, concordando com a pessoa que tem precedência na ordem gramatical: Eu e o vendedor fizemos um acordo.
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Se o sujeito for composto e houver palavras que os resuma, o verbo concordará com essa palavra: Amigos, colegas de serviços, familiares, ninguém queria visitá-lo durante a semana.
- Advérbios
“Adolescência, período onde tudo parece complicado”. O que tem de errado com essa frase? Rosane explica que a falha acima aparece em quase todas as redações que corrige: o uso indevido do advérbio de lugar. A professora explica que, no caso da frase citada, o uso do “onde” é incorreto, já que ele deve ser utilizado para fazer referência a um lugar, e não a um período como na oração. Para não fazer feio, atenção aos advérbios.
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Advérbios de lugar (que fazem referência a locais): onde, perto, aí, abaixo, aonde.
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Advérbios de tempo (que fazem referência a períodos e horas): hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã, cedo.
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Advérbios de modo (que fazem referência à forma como uma ação está acontecendo): bem, mal, melhor, pior, assim, aliás, depressa, devagar.
- Repetição de palavras
A professora de português afirma que a repetição de palavras torna um texto chato e empobrece uma argumentação. Segundo ela, palavras repetidas são comuns nas redações de vestibulares. “Falta leitura. Os estudantes leem muito pouco, o que os torna pobre em questão de vocabulário”, comenta. Para resolver esse problema, não existem truques nem dicas de ultima hora. “A dica é ler. Ler muito. Não somente sites, revistas e jornais, mas principalmente livros literários”, orienta Rosane.
Fonte: Terra