Economia – 24/01/2012 – 17:01
Funcionários graduados da Petrobrás tinham certeza de que Graça Foster substituiria Gabrielli, mas não tão cedo
Trabalhadora incansável, antenada com todos os processos relacionados ao setor que dirige e que não costuma delegar poderes com facilidade. Assim é Maria das Graças Foster, na descrição de funcionários da Petrobrás que com ela conviveram nos últimos anos.
Além disso, a provável futura presidente da companhia é uma executiva obcecada na exigência do cumprimento de ordens e metas, que não costuma dar muita atenção às opiniões contrárias à sua e que trata as pessoas, no dia a dia, com rigidez considerada até excessiva. Se confirmada, Graça Foster será a primeira mulher no comando da maior empresa do País.
Desde o ano passado, os funcionários mais graduados da Petrobrás tinham convicção de que Graça, como gosta de ser chamada, sucederia a José Sergio Gabrielli. Só não esperavam que fosse logo no primeiro bimestre. Esperavam a substituição para meados de 2012.
A certeza da escolha da diretora de Gás e Energia se baseava em dois fatores: ela é competente no que faz e desfruta da amizade e confiança da presidente Dilma Rousseff, com quem trabalhou no Ministério de Minas e Energia no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006).
A convite de Dilma, recém-empossada ministra de Minas e Energia, Graça Foster foi, de janeiro de 2003 a setembro de 2005, secretária de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do ministério. As duas se conheceram anos antes, no Rio Grande do Sul, quando Dilma integrou o secretariado da administração do governador Olívio Dutra. A hoje presidente era a responsável pela pasta de energia.
Graça Foster ingressou na Petrobrás como estagiária em 1978. Fez carreira na empresa. Presidiu a Petroquisa – subsidiária da área de petroquímica – e a BR Distribuidora. Trabalhou também na Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), em que integra o Conselho de Administração. Assumiu a Diretoria de Gás e Energia da Petrobrás em setembro de 2007. Sua área acumulou lucro de R$ 2,6 bilhões até setembro de 2011. Foi o segundo melhor resultado da estatal após a diretoria de exploração e produção.
A executiva formou-se em engenharia química pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Fez pós-graduação em engenharia nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e MBA em economia pela Fundação Getúlio Vargas.
Em 2010, quando das discussões sobre a composição do ministério da recém-eleita presidente Dilma, Graça Foster chegou a ser cotada para a Casa Civil e para a presidência da Petrobrás. Na ocasião foi divulgada informação de que a empresa C. Foster, do marido dela, Colin Foster, a partir de 2007, foi contratada 42 vezes pela Petrobrás, 20 delas sem licitação, para fornecimento de componentes eletrônicos nas áreas de tecnologia, exploração e produção.
Aliados de Graça alegaram, na época, que ela fora vítima de “fogo amigo”, por parte de petistas interessados em afastá-la da disputa por cargos importantes. Informou-se também que a empresa do marido prestava serviços muito especializados, daí a contratação sem a concorrência exigida por lei. O fato é que, após as denúncias, Graça Foster deixou a lista dos favoritos ao primeiro escalão do futuro governo Dilma.
No mercado do óleo e gás, empresários avaliam que a proximidade e as semelhanças com Dilma darão a Graça Foster força para fazer uma administração mais técnica que política. Entre as características citadas estão a memória para números da empresa e a seriedade.
Fonte: Estadão