Chegou ao fim ontem (15) o embargo que a China impôs à carne bovina brasileira no dia 4 de setembro.
Com a liberação a cotação da arroba do gado se manteve no mercado físico, mas já mostrou reação no mercado futuro.
Em agosto, antes do embargo, a arroba era cotada a R$ 310,50 em Campo Grande, já em dezembro o valor chega a R$ 293,50-queda de 5,7%.
Após o anúncio do fim do embargo as ações dos frigoríficos apontaram para valorização na Bolsa de Valores, a B3.
Assim como a arroba do boi, no contrato futuro para dezembro o gado era negociado a R$ 311,60 na terça-feira (14) e saltou para R$ 326,95 nesta quarta-feira.
Os contratos para janeiro de 2022 saíram de R$ 321,70 para R$ 336,35, no comparativo entre os dias 14 e 15.
Enquanto os contratos para fevereiro do ano que vem a arroba saltou de R$ 322,50 para R$ 336,50 no mesmo período.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) Jaime Verruck, o retorno das exportações para a China são fundamentais para melhorar a remuneração ao produtor, ou seja, para que a arroba seja valorizada.
“O mercado chinês é importante para Mato Grosso do Sul principalmente pela rentabilidade.”
“Nós temos plantas habilitadas para o exterior e isso é fundamental e você consegue através da participação do mercado chinês fazer uma remuneração mais adequada ao produtor.”
“Então é um mercado importante a reabilitação da exportação vai significar um maior número de abates e direcionamento para esse mercado”, analisa Verruck.
Para o doutor em economia Michel Constantino como a demanda será maior, mas a oferta segue igual haverá uma valorização.
“Como a gente não teve um crescimento da oferta [de gado] a arroba tende a aumentar, então o produtor deve começar a ter uma remuneração maior.”
“E essa valorização já era uma tendência para o início de 2022 , mas essa tendência dependia um pouco dessa questão da China”.
CUSTOS
No mês passado, a arroba do boi gordo chegou a ficar mais barata que no mesmo período do ano passado.
Conforme os dados da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul) a arroba do boi foi cotada a R$ 263,49 no dia 10 de novembro, já no mesmo dia em 2020 custava R$ 273,83 na região central de Mato Grosso do Sul.
Mesmo considerando os preços vigentes em dezembro, o preço pago ao produtor não acompanha os custos em um ano.
Conforme informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no sistema de produção recria-engorda na bovinocultura de corte, produzir uma arroba ficou 60% mais caro entre os anos de 2020 a 2021.
A alimentação chega a representar de 20 a 35% dos custos de confinamento no Brasil.
Considerando o preço da arroba a R$ 242 em 2020 e acrescentando o aumento de 60%, a arroba deveria chegar a R$ 387 em dezembro de 2021.
Dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex) apontam que a carne bovina aparece como o terceiro produto da pauta da exportações de Mato Grosso do Sul (ou 13,44%).
De janeiro à novembro foram negociados US$ 852,925 milhões e 201.270 toneladas enviadas ao exterior.
Para o titular da Semagro a China se utilizou do embargo sanitário como estratégia para regular o mercado.
“A China utilizou-se dessa questão sanitária como instrumento de mercado para dar uma regulada no mercado sob o ponto de vista de demanda.”
“Quando a gente olha sob o ponto de vista de mercado internacional é muito ruim utilizar mecanismos que já estavam resolvidos para influenciar o mercado”, afirma Verruck.
A China continua sendo o principal parceiro comercial de Mato Grosso do Sul, responsável por importar quase a metade de tudo que MS produz.
“E com isso [retomada] melhora para o País, porque você tem toda uma cadeia produtiva que vai desde o pequeno produtor rural, grandes produtores e os frigoríficos que dependem da pecuária.”
“Isso vai ampliar as expectativas positivas dos nossos produtores que acabam investindo mais, o frigorífico contrata mais pesssoas, então toda a cadeia fica mais positiva.”
“O Estado recebe mais impostos e com isso toda a economia ganha”, ressalta Constantino.
EMBARGO
Os embarques para a China estavam suspensos desde o dia 4 de setembro, quando o Brasil identificou dois casos atípicos da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB ou vaca louca), registrados em Mato Grosso e Minas Gerais.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou que a Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) finalizou a avaliação dos dois casos e autorizou, a partir de ontem, a retomada das exportações brasileiras de carne bovina àquele mercado.
“É uma boa notícia para o setor, já que se trata do principal destino de importação de carne bovina brasileira”, explicou o secretário Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal.
A China é o principal destino das carnes exportadas pelo Brasil. Em 2020, o Brasil exportou US$ 4,04 bilhões de carne bovina para aquele país, 48% do total das vendas globais.
Mesmo com a suspensão desde setembro, as exportações brasileiras de carne bovina para China já totalizaram, em 2021, US$ 3,87 bilhões, 46% das vendas globais do produto.
Informações do site Correio do Estado