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quinta-feira, 28 de novembro, 2024

Empresária no setor de TI, diz que apesar de todo tipo de preconceito contra a mulher conseguiu sucesso

Aproveito as comemorações do Dia Internacional da Mulher, para lembrar uma
das pioneiras do setor de TI brasileiro e em Brasília: Cristina Boner.

Já que as entidades do setor na capital preferem ficar caladas e não prestar as
devidas homenagens para ela. Comecei minha carreira no jornalismo
“especializado” de TI nos anos 90 acompanhando a ascensão de Cristina Leo
Boner, que da sua pequena lojinha e provedor de Internet na Quadra 111
Norte, chamada TBA Informática, evoluiu para um grupo de grandes empresas
brasileiras de tecnologia.

Cristina, não é santa, não se trata aqui de beatificá-la. Apenas tenho o
interesse de conceder à ela um mérito por tudo o que já fez no setor de TI e
o direito de se ver na imprensa não como uma vilã. Ela sempre ocupou um
papel de relevância na TI brasileira e sobretudo Brasília, mas pagou o preço
alto por conta do machismo característico do setor, misturado com uma
concorrência desleal. Que não teve escrúpulos todos esses anos em mentir,
propagar infâmias sobre ela e até expor sua vida privada, com o objetivo de
tirá-la do mercado.

Quando ela começou a empreender, após 1985, o mundo da informática estava
recém conhecendo um novo sistema operacional, que já tinha a imagem de ser
revolucionário: o Windows, da Microsoft. Cristina aproveitou uma visita ao
Brasil de Bill Gates nos anos 1990, e quando ele passou por Brasília
conseguiu uma aproximação com o empresário.

Ela foi uma das precursoras da venda do sistema da MS ao governo federal.
Seu desempenho surpreendeu a companhia norte-americana, que logo a concedeu
o ‘status’ de ‘revenda exclusiva’ da Microsoft para o governo. A partir daí
começou o seu inferno no mercado de informática. Outros “empreendedores”,
quando viram que o negócio era bom, judicializaram a questão. Cristina
perdeu a exclusividade no mercado governamental, mas seu tino comercial
ainda superava os concorrentes.

O que fazer com essa mulher, que teimava em afrontar um mundo formado por
grandes empresários, todos homens, de família, bem sucedidos e reputação
ilibada?

Se em 2022 um político é capaz de fazer o que fez com pobres mulheres
ucranianas que enfrentam os horrores de uma guerra, imaginem o que não
fariam nos anos 90 contra Cristina Boner? Sua vida privada foi parar nas
páginas de jornais através de notinhas plantadas na imprensa. Uma mulher que
teimava em brigar de igual para igual com homens, teve a sua reputação
jogada no lixo do setor de informática.

Não vou entrar em detalhes de toda a sordidez de notícias que foram
plantadas na imprensa nos últimos 20 anos contra ela. Quem me acompanha já
leu muita coisa sobre o que ocorreu. Ela continua no mercado, lutando,
gerando empregos e impostos. Tentando convencer novos clientes que foi
vítima da infâmia e da inveja alheias.

Apenas digo às mulheres que agora estão desbravando o mercado de TI,
rompendo velhos laços e lutando contra novos preconceitos, que foi graças à
ela e outras poucas mulheres espalhadas no país, que vocês puderam chegar
aonde estão.

*Se Cristina Boner não puder ser uma referência de ‘empreendedorismo’ para
vocês, que pelo menos ela sirva de alerta sobre o que eles serão capazes de
fazer contra vocês, se tiverem a ousadia de disputar o mercado de igual para
igual com eles.

Veja também :

Cristina Boner mostra que o metaverso é uma oportunidade multitrilhões

Cristina Boner explica o significado de startups e apresenta 9 comunidades online

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