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Depressão pós-férias atinge 23% dos brasileiros; conheça os sintomas

Saúde – 03/02/2012 – 07:02

Voltar das férias nunca foi uma experiência que o gerente de marketing Haryston Oliveira, 34, tenha apreciado muito. Há dois anos, no entanto, o sofrimento passou dos limites. Depois de três semanas de folga nos Estados Unidos, o chamado do despertador para retomar o trabalho tornou-se motivo de desespero diário. “Eu sofria para levantar, tomar banho era um suplício, não conseguia me ajeitar nem para fazer a barba”, lembra. Às cinco da tarde, dores de cabeça e um cansaço fora do normal faziam com que ele sentisse o peso de toneladas em seus ombros. Sem saber, Haryston apresentava alguns dos sintomas mais comuns de depressão pós-férias, problema relacionado ao gerenciamento de estresse na volta ao trabalho.

Trocar os chinelos pela gravata na segunda-feira costuma gerar um mal-estar passageiro depois de um período maior de descanso. “Quando as pessoas começam a ter um código para vestir, um horário para levantar ou almoçar, é normal ressentir isso em um primeiro momento”, afirma Ana Maria Rossi, presidente da Isma Brasil (International Stress Management Association no Brasil), associação voltada para a pesquisa e prevenção do estresse.

O problema, explica a psicóloga, é quando essa tristeza passa de uma simples readaptação e dura mais de 14 dias, geralmente acompanhada de outros sintomas, como dores musculares e de cabeça, angústia, ansiedade e distúrbios do sono. A falta de motivação para levantar da cama, narrada por Haryston, é outro indício.

Mal comum

Segundo pesquisa divulgada pelo Isma no último ano, a depressão pós-férias é compartilhada por cerca de 23% dos brasileiros. Em 93% desses casos, a falta de motivação no trabalho é apontada como a principal causa, seja por falta de perspectiva, ambiente inseguro ou conflitos de relacionamentos. “É importante perceber que a depressão é produto da insatisfação nos outros meses e não consequência das férias”, diz Ana Maria. “A pessoa sofre mais com isso depois de um período em que ela tem maior controle sobre sua vida.”

A depressão pós-férias, segundo a psicóloga, costuma ser passageira. Caso os sintomas persistam por mais de 30 dias, é importante buscar ajuda de um especialista para verificar outros problemas que podem influenciar no sofrimento.

No caso do gerente de marketing, o mal-estar prolongado revelou um problema de concentração. “Eu não conseguia me concentrar de jeito nenhum, tinha de passar mais tempo no escritório e trabalhar mais horas para não perder prazos”, conta. Ao perceber que os sintomas pioravam com o passar dos anos, independentemente de onde trabalhasse, Haryston decidiu procurar a ajuda de um especialista.

Haryston aprendeu que uma das maneiras de evitar o estresse do retorno das férias é planejar melhor a saída e a chegada. “Organizo a viagem com antecedência e já programo tudo o que há para fazer no escritório para evitar pendências. Delego o que terá de ser feito na minha ausência e desligo o celular”, conta ele.

Sete dicas para diminuir o mal-estar após as férias*

  1. Identifique se o motivo de tanto desânimo é causado por seu emprego atual. Se for, é hora de procurar outro. Do contrário, pedir demissão não resolverá, pois o problema irá com você.

  2. Tente compensar a falta de motivação com um “hobby” ou um trabalho voluntário.

  3. Não viva em função do trabalho. Reserve uma parte do seu dia para outras atividades. Ter uma rotina mais prazerosa, cercar-se de pessoas queridas e atividades físicas ajudam.

  4. Planeje as férias para evitar a angústia da volta, e isso engloba tanto o roteiro do descanso como os afazeres no trabalho.

  5. Certifique-se de que você está saindo do escritório com tudo planejado, tarefas delegadas e problemas resolvidos. Com isso, você sai mais tranquilo. E desligue-se do escritório durante o seu recesso.

  6. Organize a volta das férias. Quem tem filhos precisa reservar um período para lidar com a preparação da volta às aulas das crianças (como comprar material escolar e uniforme).

  7. Retorne da viagem pelo menos 72 horas antes de retomar a rotina, se você tem filhos. Se não tem, 48 horas são suficientes. Se tentar aproveitar até o último minuto, acabará sofrendo com trânsito, filas e pouco tempo para organizar seu retorno ao trabalho, agravando a ansiedade.

  • Com consultoria da psicóloga Ana Maria Rossi

Fonte: UOL

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