Política – 22/12/2012 – 11:12
As declarações do prefeito eleito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), ontem (20), por meio de sua página no Facebook, azedaram mais a relação com os vereadores, que mostraram revolta com a situação nesta sexta-feira, na última sessão da Câmara Municipal no ano.
Ele definiu a atuação dos parlamentares em votações de projetos importantes para sua administração como “atitude pequena e egoística”, além de “lamentável e repugnante”. “O 3º turno das eleições está acontecendo”, reclamou.
As queixas estão relacionadas a duas votações, realizadas neste mês: a aprovação da emenda que reduz de 30% para 5% a abertura de créditos adicionais sem que as transações financeiras dependam da autorização da Câmara e o congelamento do IPTU.
Para o progressista, ambos os projetos prejudicam o povo. A base dele chegou a lutar pela não aprovação, no entanto, foram votos vencidos.
Nesta sexta, outra matéria foi aprovada contra a vontade do novo prefeito de Campo Grande. Vereadores aprovaram por unanimidade o reajuste de 31% em seu salário a partir do ano que vem.
E, novamente por meio do Facebook, o progressista mostrou descontentamento: “Vamos em frente, porque atrás vem o “poderoso e sua gangue – os cupinchas”, com inveja da gente, querendo prejudicar o nosso município”.
O vereador Airton Saraiva (DEM) foi um dos parlamentares a responder as críticas. “Ele foi inconsequente. Foi um grande besteirol. Não tem necessidade de atacar a Câmara. Ele deve ter acordado num inferno astral e fica jogando a Câmara contra o povo”, criticou o democrata durante a sessão de hoje na Casa.
“As reclamações dele foram absurdas e nós pedimos para ele comparecer à Câmara para discutir o orçamento 2013 em que ele vai ser o gestor. Falta habilidade política”, completou o parlamentar, destacando que o prefeito eleito “falta com respeito” ao Legislativo.
Mais críticas – “Essa coisa de jogar para a plateia, de que os mais carentes vão ser prejudicados, é mentira”, afirmou o vereador Mário César (PMDB) para justificar que a mudança nos critérios de suplementação não vai atrapalhar o futuro mandato.
Athayde Nery (PPS), aliado de Bernal na campanha, que também votou favorável à emenda que reduziu a abertura de créditos adicionais, explicou que a matéria representa a transparência que pregou durante a eleição.
“Cinco por cento (suplementação) são R$ 200 milhões: se ele precisar de percentual maior e mostrar onde os gastos serão aplicados, a Câmara vai atendê-lo. Agora, o prefeito tem de estar de acordo com os critérios de mudança”, frisou. “Ele convenceu a população e vai ter que convencer os vereadores para ter maioria”, completou.
Segundo Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), Bernal “tem que descer do palanque e conversar com a Casa”. “Se ele não quiser diálogo com a Câmara vai ficar difícil”, frisou. “Ele está na campanha ainda; tem que pensar que não é mais candidato a prefeito e sim prefeito eleito”.
Sobre a emenda que alterou o percentual de abertura de créditos adicionais, o parlamentar reforçou as críticas. Segundo ele, o prefeito terá quase R$ 3 bilhões e só depois irá precisar de suplementação. “Ele não pode reclamar da suplementação ainda se ele nem gastou um real”.
Base de Bernal, a vereadora Thaís Helena (PT) disse esperar que a nova legislatura, com 29 parlamentares, represente um “novo tempo” e demonstrou confiança de que o novo chefe do Executivo Municipal vai construir maioria e fortalecer a relação com a Câmara.
Contudo, admitiu que a situação, marcada antes mesmo da posse do progressista, representa uma “crise desnecessária”. “Temos que auxiliá-lo a administrar Campo Grande. Foi desnecessária (crise) tanto para a Câmara quanto para os vereadores”.
Fonte: Campo Grande News