Política – 03/06/2012 – 10:06
Próximo depoimento está marcado para 12 de junho
A CPI do Cachoeira vai entrar em ritmo mais lento na próxima semana e os próximos depoimentos são esperados apenas para os próximos dias 12 e 13 de junho. Além do feriado na quinta-feira (7), o que já deixa a semana em Brasília praticamente sem movimento, alguns parlamentares vão acompanhar o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), em uma viagem oficial para a China.
Entre 3 e 9 de junho alguns líderes da Câmara vão conhecer a Assembleia Popular Nacional da República Popular da China e tentar estabelecer uma cooperação bilateral entre os dois países e suas casas legislativas.
Sem parlamentares no Congresso Nacional, a CPI do Cachoeira que tem sido responsável pela maioria dos trabalhos na Câmara e no Senado vai ficar esvaziada. A agenda para esta semana ainda não foi confirmada.
A maior expectativa dos deputados e senadores agora está em torno dos depoimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, aprovados na última quarta-feira (30) e marcados para 12 e 13 de junho, respectivamente.
A semana mais “fria” vai ser diferente do que tem sido as últimas semanas de CPI. Apesar de todos os convocados terem mantido silêncio na comissão, deputados e senadores têm tentado deixar a agenda das semana sempre cheia, com reuniões às terças, quartas e quintas.
Na última terça-feira (29) a CPI quebrou o sigilo da Delta nacional. Todas as movimentações financeiras da empresa serão disponibilizadas para os parlamentares. Até então, apenas o sigilo das filiais do Centro-Oeste tinha sido quebrado.
Na quarta-feira (30) a comissão recebeu quatro convocados para depor: José Olímpio de Queiroga Neto, suspeito de gerenciar a organização no entorno do DF; Gleyb Ferreira da Cruz, apontado como “laranja”; Lenine Araújo de Souza, apontado como contador do grupo e gerente do jogo do bicho comandado por Cachoeira; e Cláudio Abreu, ex-diretor regional da Delta Centro-Oeste.
Todos eles conseguiram habeas corpus na Justiça e seguiram a postura do bicheiro, usando o direito constitucional de ficar calado.
O único dos quatro que falou alguma coisa na CPI foi Lenine. Ele usou os minutos iniciais para se defender e dizer que quer colaborar com as investigações do Congresso Nacional, no entanto, não respondeu às perguntas, o que só fará, segundo ele, após falar à Justiça.
Lenine se defendeu e disse que nunca foi braço direito do bicheiro ou mesmo sócio das empresas apontadas como laranjas da organização criminosa.
– Não sou sócio de nenhuma empresa que está ligada a esses todos (denunciados) que estão acontecendo na mídia. Não me considero braço direito do senhor Carlos. Me sinto injustiçado.
Ainda na quarta, os parlamentares aprovaram a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
No momento da convocação, o único governador que escapou de falar no Congresso Nacional foi Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro. O governador foi blindado pelos colegas do partido, PMDB, e não precisará dar explicações. Ele foi flagrado em viagens para o exterior com o ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish.
Durante a semana, a CPI também quebrou o sigilo telefônico e de internet do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e várias outras empresas apontadas como laranjas ou participantes do esquema de explocaração de jogos ilegais
Na quinta-feira (31) Demóstenes foi depor na CPI e seu silêncio causou polêmica e confusão. Alguns parlamentares reagiram e, diante da gritaria, o presidente, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) precisou encerrar a sessão.
O deputado Silvio Costa (PTB-PE) exigiu explicações de Demóstenes.
— O seu silêncio é a mais perfeita tradução de sua culpa. Esse silêncio diz : sou sim braço legislativo da quadrilha de Carlos Cachoeira.
O senador Pedro Taques (PDT-MT) defendeu a atitude de Demóstenes.
— Devemos obedecer a Constituição, que afirma que o cidadão, seja lá quem for, deve ser respeitado. Um parlamentar não pode tratar quem quer que seja com indignidade, não interessa quem seja seu investigado.
Nesse momento, o clima da comissão esquentou e Silvio Costa começou a dirigir palavrões em direção a Pedro Taques.
— Seu m….!
Fonte: R7 / Dida Sampaio/Agência Estado