Política – 02/05/2012 – 13:05
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar o elo de políticos e empresários com o bicheiro Carlinhos Cachoeira recebeu nesta quarta-feira (2) o inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal para investigar o envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com o contraventor.
O documento digitalizado, que possui 15 mil páginas e 40 volumes, foi entregue por oficiais de justiça ao presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
Segundo o senador, o relator do caso no STF, ministro Ricardo Lewandowsky, autorizou a comissão a compartilhar o inquérito com o Conselho de Ética do Senado, que também investiga Demóstenes, e com a Comissão de Sindicância criada na Câmara para apurar o envolvimento de deputados com Cachoeira.
Vital do Rêgo esclareceu que o envio do inquérito aos demais órgãos de fiscalização depende de decisão da CPMI. “Vou aguardar as solicitações dessas outras comissões. Se elas mantiverem os compromissos de manter o sigilo dos documentos, a CPMI vai deliberar e decidir se destina o material”, disse.
O presidente da comissão disse ainda que vai tomar as “medidas necessárias” para garantir o sigilo do inquérito. Na última sexta-feira (27), um oficial de justiça tentou entregar o inquérito à CPMI, mas teve que retornar com o material porque Vital do Rêgo estava fora de Brasília. No mesmo dia, o site Brasil 247 vazou na íntegra trechos do inquérito.
“Vou determinar a conferência do material que veio a nós com o material que foi vazado. Aquilo que é domínio público já do que temos em sigilo. Estamos estudando mecanismos para que não sejamos constrangidos com qualquer tipo de vazamento”, afirmou.
Visita a Gurgel
Nesta quarta, Vital do Rêgo visita Roberto Gurgel para convidá-lo a explicar detalhes da investigação aos integrantes da CPI.
“O procurador poderá traduzir à CPI as razões dele para tomar as ações que tomou. Pode ajudar muito na elucidação do que ainda não foi divulgado, para que a comissão apure”, afirmou.
O senador disse ainda que convidará os delegados federais envolvidos nas investigações para falar na comissão. Ele não descartou convocar Gurgel e os delegados caso eles não aceitem o convite. “Inicialmente [os delegados] serão convidados. Mas se a comissão entender que deve convocar, vamos convocar. O mesmo vale para o PGR.”
O presidente da CPMI disse que não está definido se os depoimentos de Gurgel e dos delegados da PF serão secretos. Existe a possibilidade no regimento da Câmara e do Senado de fazer oitiva de testemunhas apenas com a presença dos integrantes da comissão. Vital do Rêgo disse que, a princípio, não vê necessidade de fazer sessão secreta no depoimento do procurador-geral.
Reunião da CPI
Na tarde desta quarta (2), o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), apresentará o plano de trabalho da comissão. “O plano de trabalho está pronto e será divulgado à comissão às 14h30”, disse o deputado, sem adiantar detalhes.
Durante a reunião da CPI, os parlamentares devem analisar 168 requerimentos protocolados até a última sexta (27).
Desse total, 115 são pedidos de convocação de depoentes, dos quais 24 têm o bicheiro Carlinhos Cachoeira e de dois ex-dirigentes da empreiteira Delta (Fernando Cavendish, presidente afastado, e Cláudio Abreu, ex-diretor na região Centro-Oeste) como alvos.
Cachoeira é o personagem central da CPI. Ele é apontado como chefe de uma quadrilha que explorava jogo ilegal em Goiás, e é suspeito de ter montado uma rede de corrupção com influência sobre governos, parlamentares e empresas.
Segundo investigação da Polícia Federal, a Delta repassou dinheiro para empresas fantasmas que abasteciam o grupo de Cachoeira. Fernando Cavendish se afastou da presidência da Delta. Já Cláudio Abreu foi preso durante a Operação Saint-Michel, da Polícia Civil do Distrito Federal. A operação é um desdobramento da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que resultou na prisão de Cachoeira em fevereiro.
Fonte: G1