Cultura – 25/08/2012 – 09:08
Conheça a história e a tradição do churrasco campo-grandense
A Capital de Mato Grosso do Sul recebe várias influências que compõem a sua cultura, o churrasco é uma delas. O churrasco surgiu, no século 17, nos rincões do Rio Grande do Sul, quando os pampas eram disputados por castelhanos e paulistas. Os vaqueiros matavam os bois, cortavam o pedaço mais fácil e assavam, por inteiro, num buraco aberto no chão.
“O churrasco sul-mato-grossense tem um grande diferencial, porque ele nunca vem sozinho. Ele sempre vem com o fator agregador da boa amizade e vem com a mandioca amarela, que é da influência indígena. Tem toda diferença com o churrasco paulista e gaúcho. E também o grande diferencial que é a fartura, a variedade da carne e a textura da carne. O sul-mato-grossense só tem consciência da qualidade e do sabor da carne a partir do momento em que ele atravessa a ponte do rio Paraná, ou quando ele atravessa qualquer fronteira e percebe a diferença no sabor. Que o nosso churrasco realmente tem uma tradição e um sabor diferenciado”, relata a gerente de patrimônio histórico do Estado, Neusa Arashiro.
Nos fins de semana é só começar a chegar a hora do almoço que Campo Grande ganha um aroma especial. É cheiro de carne assada espalhado pela cidade. Vindo das churrascarias e casas que mantêm a tradição. Sábado ou domingo, o sabor campo-grandense é o churrasco.
“É uma tradição campo-grandense, depois do tereré, um churrasquinho”, afirma o estudante Ewerton Maia.
Algumas pessoas mantém a tradição e continuam a fazer a churrasqueira no chão, como se fosse um buraco. “A gente improvisa o nosso churrasco, não importa se é na churrasqueira ou se é no buraco, não importa. O importante é que ele seja consumido”, garante o instrutor de máquinas, Mário Jorge Duarte.
O churrasco é uma tradição, que passa do limite da refeição, é em volta da churrasqueira que as famílias se unem. “É a oportunidade que a gente tem de encontrar com os amigos, parentes, porque nas nossas confraternizações é praticamente só a família, porque somos em nove irmãos. Se for chamar mais alguém, casa irmão tem quatro filhos, então é uma festa, qualquer reunião já é aquele churrascão”, relata o funcionário público, José Augusto Alves da Rocha.
A carne é apreciada, por etapas, primeiro, como aperitivo. Aos poucos, a degustação vai virando almoço é um ritual. Campo Grande mostra a identidade: em celebrações reservadas, num ambiente caseiro, sem badalação, mas com muito sabor.
“Churrasco tem todo fim de semana, quando não é toda quarta-feira, que a gente faz, quando tem jogo”, assegura o engenheiro agrônomo, Devair Pozzobom.
Para aqueles que querem comer um bom churrasco, mas sem ter o trabalho de fazer, a cidade trás grandes opções de churrascarias. O empresário de Curitiba (PR), Moacir Jorge de Oliveira Nenê, conta o que o mantém há nove anos no mercado.
“Cada região tem os seus acompanhamentos. No Paraná tem um jeito de acompanhar os assados e em Campo Grande tem o jeito dela, então a gente uniu os dois. Temos pratos do Paraná que acoplaram com os daqui, ficou interessante”, garante.
A cidade tem grande influência no cenário nacional da música sertaneja e o churrasco ajuda na formação das duplas. Enquanto a carne não fica pronta, rodas de viola se formam.
Os primos Rhauane e Rafael, começaram a cantar de brincadeira, nas rodas dos almoços de domingo. Hoje eles já estão bem conhecidos pela Capital. “Sempre foi assim, a família reunia todo final de semana. Como minha mãe e meu pai tocam a gente sempre fazia rodinha. Um dia eu e a Rhauane começamos a brincar, vimos que a vozes casavam, fomos tentando, até que deu certo”, declarou Rafael.
Rhauane garante que está é uma tradição de família. “Na família todo comemoração tem churrasco, e com Rhauana e Rafael, sempre, desde pequenos colocavam a gente pra tocar. Fazem três anos que decidimos montar a dupla e estamos começando a tocar nas casas”, concluiu.
Fonte: Com colaboração de Jacklin Andreucce, TV MS Record