Mato Grosso do Sul enfrenta condições de seca – com grau severo, grave e moderado – em todos os biomas presentes no Estado – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica – e a previsão meteorológica é de que a estiagem vai continuar, aliada a outros fatores que contribuem e intensificam a ocorrência de incêndios florestais.
O trabalho de controle e combate ao fogo é realizado pelo CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar) com apoio de diversas forças de segurança pública do Estado e da União, especialmente dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que formam o Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul).
A projeção climática do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) e a situação crítica dos incêndios florestais em todo o Estado foram abordados na transmissão – ao vivo pela internet – do boletim semanal da Operação Pantanal 2024, onde também foram apresentados dados das ações de combate ao fogo no Estado.
A expectativa é de que a ocorrência de incêndios florestais seja intensificada durante o mês de setembro, que é considerado o período mais crítico. A previsão é de que até sábado (31), as temperaturas seguem altas, podendo atingir 38°C e as mínimas devem ficar entre 20°C e 26°C, com umidade relativa do ar entre 10% e 20%.
“Todas as condições metrológicas favorecem a ocorrência de incêndios florestais. O perigo de fogo para os próximos dias está entre muito alto e extremo, e essas condições são de difícil combate até por meios aéreos e têm a questão da alta velocidade de propagação dos incêndios florestais”, pontua Valesca Fernandes, meteorologista e coordenadora do Cemtec.
Entre sábado (31) e a segunda-feira (2), há previsão da chegada de uma frente fria, com uma leve queda nas temperaturas – que deve registrar mínimas entre 14°C e 20°C e máximas entre 25°C e 34°C –, mas sem probabilidade de chuvas. “Tudo isso é a previsão para a região de Corumbá e Porto Murtinho. Em relação à umidade relativa do ar, por conta da entrada de nuvens e não ter previsão de chuvas, dá uma leve melhora e pode ficar 20% e 30%. A partir de terça-feira, 3 de setembro, as temperaturas já sobem consideravelmente, com revisão de ficarem entre 38°C e 40°C na região pantaneira”, explicou a meteorologista.
O mês de setembro é considerado o mais crítico em relação aos incêndios florestais, e deve permanecer sem chuva. A média histórica de precipitação no mês de setembro é entre 80 e 100 milímetros no Estado, e para a região pantaneira é de 40 a 80 milímetros. Mas a análise de um conjunto de modelos meteorológicos aponta que as chuvas devem ficar abaixo da médica histórica em setembro deste ano, intensificando ainda mais as condições de seca nos biomas.
“Em grande parte do Estado, ao longo dos meses as condições de secas foram se intensificando. No mês de julho, as condições de secas ficaram entre grave, moderada e fraca. E todo o Estado está com condições de seca, com situação crítica. A gente tem chuvas abaixo da média histórica e temperaturas acima da média histórica, esse é o cenário ideal para propagação de incêndios. E para os próximos dias não tem previsão de chuva”, disse a coordenadora do Cemtec.
A consolidação da previsão de estiagem, com intensificação da seca no Estado ocorre quase seis meses após a situação ser apontada. Em fevereiro, o Cemtec já havia apontado que a situação climática extrema e atípica em Mato Grosso do Sul – com chuvas abaixo da média em todo o Estado desde dezembro de 2023 – poderia causar danos ambientais, com ampliação de área seca e intensificação de casos de incêndios florestais.
Com a possibilidade de piora na situação, com aumento da ocorrência de incêndios florestais, o Governo do Estado mantém ativas todas as frentes de combate ao fogo, e ainda expande o trabalho em outras regiões de MS – especialmente nos biomas do Cerrado e Mata Atlântica, na divisa com os estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Todo o trabalho é coordenado e realizado pelo CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar) com o apoio de agentes de segurança da Força Nacional, Forças Armadas, brigadistas, além de bombeiros dos estados que formam do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
“As condições climáticas para o mês de setembro, são ainda mais complexas e rígidas do que nós tivemos em 2020. Então a situação é de alerta, por isso toda a estrutura do Governo do Estado continua mobilizada. Estamos com elevado número de focos no Pantanal, além da Mata Atlântica e Cerrado”, explicou o secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck.
“A queima está proibida em Mato Grosso do Sul, desde maio. Todas as autorizações foram suspensas. Então é importante a gente destacar para todas as pessoas que nenhum produtor, nenhuma indústria, ninguém está autorizado a fazer qualquer tipo de queimada. Todas as medidas propostas, tanto do STF (Supremo Tribunal Federal) e também da União, já foram tomadas no Estado. Além disso é importante o apoio de todos, essa ação conjunta deve se manter presente”, disse Verruck.