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Chuva eleva preço e afeta clientes europeus da Vale

Economia – 13/01/2012 – 10:01

As fortes chuvas que têm deixado rastro de destruição no Sudeste do país desde o fim do ano passado estão provocando uma redução na oferta de minério de ferro que deverá elevar o preço da commodity e afetar principalmente as siderúrgicas europeias.

O impacto das chuvas é mais sério para clientes da Vale na Europa do que da Ásia porque os asiáticos já foram bastante abastecidos no último trimestre, com aumento no volume de minério exportado para a região, afirmou nesta quinta-feira o diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia, José Carlos Martins.

Além disso, afirmou o executivo, o prazo entre a produção e a entrega na Ásia é de 45 dias, o que dá margem para o comprador buscar outras alternativas enquanto a produção da Vale não é restabelecida.

Já no caso dos europeus, o prazo para entrega é menor, de cerca de cinco dias, o que dá menos margem de manobra para importadores. “A questão mais urgente agora é administrar clientes europeus”, afirmou o executivo em teleconferência para jornalistas.

A Vale informou que acumulou até quarta-feira uma perda de 2 milhões de toneladas nos embarques de minério de ferro. A mineradora declarou força maior em uma série de contratos em decorrência do clima.

Minas Gerais, o Estado mais afetado pelas chuvas, responde por dois terços da produção de minério. Outras mineradoras que atuam em municípios bastante afetados pelas chuvas, como a MMX, também estão reduzindo o ritmo de produção.

A prioridade da Vale no abastecimento é atender a siderurgia brasileira. “Historicamente, priorizamos o mercado interno”, disse Martins.

PREÇO SOBE COM CHUVA E FURACÃO

A redução na oferta de minério de ferro da Vale provocada pelas fortes chuvas em Minas Gerais deve contribuir para uma alta de preços da commodity no mercado internacional, avaliam analistas de mercado e bancos de investimentos.

A analista Daniella Maya, da Ativa Corretora, afirma que as condições climáticas desfavoráveis no Brasil e também na Austrália devem contribuir para uma alta de 10 dólares por tonelada no primeiro trimestre deste ano, mesma aposta do analista Marcelo Aguiar, do Goldman Sachs.

O especialista avaliou que o preço do minério deve subir não apenas como reflexo da menor oferta, mas também por aumento dos custos.

“Acreditamos que a produção inferior de minas brasileiras irá contribuir para a recente recuperação dos preços de minério de ferro”, disse o Morgan Stanley em relatório.

Os preços do minério de ferro já subiram 7,5 por cento desde meados de dezembro, informa o banco. Cada tonelada custa cerca de 144 dólares por tonelada.

Na mesma linha, o banco Itaú BBA estima que a redução da oferta provocada por fatores climáticos, entre os quais as chuvas no Brasil.

“As ofertas mais baixas do Brasil e da Austrália e o aumento na demanda da China poderão levar a alta nos preços do minério de ferro”, disse o relatório assinado pelos analistas Marcos Assumpção e André Pinheiro.

“A possível recuperação nos preços do minério é atribuída à redução da oferta provocada por questões climáticas como as fortes chuvas do Brasil, ciclone na Austrália e um inverno rigoroso na China”, acrescentou o Itaú.

O banco Morgan Stanley informou em relatório que estima redução de 5,3 milhões de toneladas em embarques da Vale no primeiro trimestre do ano por causa do clima.

MENOS CHUVA NA SEGUNDA QUINZENA

A meteorologista Márcia Haegely, da Somar, afirmou que as chuvas devem deixar a região de Minas Gerais, onde estão as minas da Vale, deslocando-se para São Paulo. A expectativa é de menos chuvas na segunda quinzena de janeiro.

O diretor da Vale disse, porém, que há perspectivas de chuvas fortes na próxima semana, após alguns dias de trégua. Ele informou que a medida de força maior em contratos, prevista em caso de problemas como este, deve continuar enquanto o clima não melhorar.

RECUPERAÇÃO

A Vale prevê recuperar ainda neste ano a maior parte do volume de minério de ferro que deixou de embarcar por conta das chuvas que vêm afetando a região Sudeste do país e que obrigaram a companhia a decretar força maior em seus contratos do produto.

“A perda é relativamente pequena até agora, de menos de um por cento da produção anual… Ao longo do ano, nossa expectativa é recuperar, se não totalmente, boa parte daquilo que foi perdido até agora”.

A empresa deixou de produzir nas minas do Sudeste cerca de um quinto do que previa em janeiro por causa das chuvas que se intensificaram na última semana.

“Isso vinha afetando nossas atividades desde pouco antes do Natal. Como no Sistema Sul temos muita flexibilidade, conseguimos superar as dificuldades por algum tempo, mas infelizmente nesta última semana a coisa extrapolou, com impacto na produção e nos embarques”, disse o executivo.

17 NAVIOS NA FILA

Martins disse que, se por um lado o prejuízo financeiro para a Vale é pequeno, por outro traz uma série de consequências negativas para clientes e outros atores da cadeia da mineração. As chuvas não afetaram apenas a produção de minério, mas também a logística, com ferrovias e vias de acesso alagadas.

Ele disse que pelo menos dez navios estão aguardando nos portos do Brasil em função da falta de produto para embarcar. Dados do porto de Tubarão, no Espírito Santo, indicam que há 17 navios da mineradora no local.

Segundo Martins, a produção de Carajás, no Pará, já opera a plena capacidade e não pode compensar a produção insuficiente do sistema Sudeste e Sul, afetado pelas chuvas.

Ele informou que também chove bastante em Carajás, mas as chuvas não afetaram a operação da mineradora, ao menos por enquanto.

Fonte: Reuters

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