Esporte – 14/01/2012 – 10:01
Como consequência de uma facilidade cada vez maior na hora de conseguir crédito e ainda da falta de educação financeira na Classe C, os cartões foram os campeões de reclamações nos Procons (Departamentos de Defesa do Consumidor) brasileiros no ano passado, de acordo com pesquisa do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec). Em todo o País, houve mais de 141 mil queixas contra as operadoras de cartão de crédito, o que representa 9,2% do total de protestos, que foi de 1,6 milhão.
Para o presidente Comissão Nacional de Defesa do Consumidor da OAB, Hércules do Amaral, nesse caso, o consumidor tem parcela de culpa. “Uma boa parte dessa nova classe média não foi educada para o consumo e acaba usando crédito de forma irresponsável. E esse crédito é ofertado de modo irresponsável. Mas da mesma forma que essas famílias ascenderam, elas podem voltar ao que eram antes, se não houver cautela”, comenta.
Empresas preferem multa
Segundo conta, já há empresas que preferem pagar multas e indenizações a ter de mudar sua estrutura e qualidade no atendimento aos clientes. “É algo que não é comum, mas começa a acontecer. Eles preferem o prejuízo financeiro da multa, quando não é muito elevado e, posteriormente, acabam repassando isso para o consumidor, em forma de aumento no preço de seus produtos”, alerta. Ele diz que o sistema atual permite essa modalidade de prática, por conta da fiscalização ineficiente. “Sistema de defesa não consegue acompanhar as práticas abusivas que são adotadas pelo mercado em uma velocidade absurda”
Segundo ele, a pesquisa do Sindec mostra o que vem ocorrendo há muito tempo, com os mesmos setores (bancos e telefonia) no topo. “Isso vai demorar, no mínimo, uma geração para mudar”, lamenta.
Telefonia
A telefonia ficou com o segundo lugar: 122 mil reclamações em 2011, o que representa 8% do total. Os bancos comerciais vêm em seguida, com 111 mil. Para o especialista, o problema da telefonia no Brasil ocorre porque as grandes companhias acabam terceirizando os serviços, que acabam por perder qualidade. “A empresa de telefonia acaba se dividindo em várias. Uma para fazer call center, outra para vender. Não tem um padrão”, diz.
Perfil
O levantamento também mostra que a faixa etária que mais se queixa nos Procons é a de pessoas entre 31 e 40 anos (24% do total), especialmente do sexo feminino. Os jovens de até 20 anos são os que menos aparecem (2,12%).
Segundo Hércules, os mais novos não constam nos dados porque acabam se valendo de uma ferramenta que pode ser ainda mais poderosa: a internet. “Reclamar numa rede social tem um impacto imediato e pode manchar a imagem de uma empresa na web. Na justiça, o caso fica escondido”, analisa.
Pouco acesso
Amaral ressalta ainda a pequena quantidade de Procons no Brasil. “São 698 unidades para 5.564 municípios. 90% das cidades não possuem Procons. É um problema crônico”, avalia.
No Ceará, observa, não há Procon no Interior, ficando todos concentrados na Capital. Isso limita o acesso das pessoas à defesa do consumidor, conclui.
Fonte: G1