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Carta especial para dirigir carro potente

Policial – 08/01/2012 – 10:01

O projeto de lei federal que propõe exigir habilitação de categoria C para motoristas de carros com 300 cv ou mais de potência seria pouco eficaz na prevenção de acidentes, dizem especialistas ouvidos.

A proposta, que tramita de forma conclusiva na Câmara dos Deputados, prevê que os condutores desses carros potentes sejam obrigados a tirar a habilitação que hoje é exigida de motoristas de veículos com peso maior do que 3,5 toneladas.

Para obter a carta C, o condutor deve estar habilitado há pelo menos um ano na categoria B (de veículos “comuns”) e não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias, durante os 12 meses anteriores.

Segundo o especialista em segurança no trânsito e ex-chefe da Polícia Rodoviária do Rio Grande do Sul Mauri Panitz, o projeto não ataca o problema principal.

  • A potência do carro é o de menos. Um motorista despreparado ou irresponsável vai causar acidente com qualquer carro, não importa a potência.

Panitz vai mais longe e diz que, nas mãos de motoristas capacitados, carros com potência “de sobra” podem até ser mais seguros.

  • Do ponto de vista técnico, a potência é um item de segurança ativa. Um carro potente me permite fazer uma ultrapassagem mais rápida e mais segura.

A opinião é compartilhada pelo especialista em trânsito do Departamento de Engenharia Civil da Unesp de Guaratinguetá (SP) José Bento Ferreira.

  • O que esse projeto faz é simplificar a questão. Se habilitação de categoria C fosse prova de competência, não teríamos tantos acidentes com caminhões no Brasil.

Treinamento e educação

A discussão do Projeto de Lei 2332/11, de autoria do deputado Paulo Foletto (PSB-ES), ocorre na sequência de acidentes envolvendo veículos possantes – como Chevrolet Camaro SS (406 cv) e Porsche 911 Turbo (500 cv) – que ganharam grande destaque na mídia.

Em entrevista ao site da Câmara dos Deputados, Foletto disse que esses carros potentes são um “convite ao teste de suas capacidades”.

  • Veículos com 300 cv mais cavalos são, para um motorista ousado e entusiasmado, inclusive os que dirigem sob a influência do álcool, um convite ao teste de suas capacidades e ao excesso de velocidade.

Para os especialistas ouvidos, no entanto, mais importante do que exigir habilitação especial seria incentivar o treinamento para a condução de carros com proposta esportiva, segundo explica Ferreira.

  • Se o motorista não for consciente, ele vai fazer alguma besteira. O treinamento específico deveria ser oferecido pelas concessionárias, e isso também teria que ser uma exigência da lei. Muitos motoristas se acham pilotos, quando na verdade a maioria não passa de condutores medíocres.

De acordo com Ferreira, a diminuição dos acidentes também vem de uma legislação mais rígida.

  • Nenhuma lei funciona se a pessoa souber que não vai ser penalizada. No Brasil, quem tem dinheiro ou bons amigos consegue se livrar da punição.

Panitz concorda com a necessidade de mais treinamento e diz que, com o conhecimento correto, o condutor vai entender as capacidades do carro que tem em mãos. O especialista salienta, no entanto, que é impossível prevenir todos os acidentes.

  • Se o motorista for obrigado a fazer um curso, vai saber que o carro que tem na mão é uma arma. Se ele não for um imbecil, vai usar o veículo com cautela. Agora, infelizmente não existe lei que previna a imbecilidade.

O que é feito hoje

Algumas das marcas de luxo que vendem carros potentes no país já oferecem treinamento específico para seus clientes.

Montadoras como Audi e BMW costumam convidar os compradores de seus modelos mais possantes para cursos no Brasil e no exterior. Essa é, ao mesmo tempo, uma ferramenta de marketing e também uma ação de segurança.

O mesmo ocorre com a Mercedes-Benz, que duas vezes ao ano traz instrutores alemães ao Brasil para ensinar os donos de modelos AMG (a divisão esportiva da marca) a tirar o máximo de seus carros com segurança.

No entanto, essas atividades, feitas em pistas fechadas, não são obrigatórias, não abrangem todos os clientes e não são promovidas por todas as marcas que comercializam carros esportivos.

Fonte: R7

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