18/03/2018 09h35
Cade considera compra da Fibria como “complexa”
Operação de compra pela Suzano será um desafio para órgão
Por: Da Redação
A compra da Fibria pela Suzano é vista como complexa por integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Um integrante do conselho disse que a operação representará um “desafio” para o órgão.
O caso ainda não foi notificado ao conselho, que terá 240 dias, prorrogáveis por mais 90, para analisar a fusão. Advogados que atuam na área também disseram que a operação certamente será analisada com lupa e dificilmente seria aprovada sem nenhuma restrição pelo órgão.
O veto ou a imposição de fortes restrições ao negócio é uma preocupação das empresas, tanto que o próprio acordo firmado entre elas prevê o pagamento pela Suzano de uma taxa de R$ 750 milhões caso a fusão não possa ser concretizada, por exemplo, por imposição de autoridades que se opõem à formações do monopólios e defender a livre concorrência.
No mês passado, o Cade barrou a compra da Liquigás, detida pela Petrobras, pela Ultragaz. Com isso, o grupo Ultra teve que pagar uma “break-up fee” (multa) de R$ 280 milhões à estatal, até então a maior já paga no Brasil. Em 2017, o órgão também vetou a compra da rede de postos Ale pela Ipiranga, a do grupo de educação Estácio pela Kroton e a aquisição da Mataboi pelo grupo JBJ.
Celulose – Para a advogada especialista em concorrência Patrícia Agra, as análises do Cade envolvendo o setor de celulose no passado entenderam que o mercado era muito concentrado e com muitas barreiras à entrada, como, por exemplo, a restrição a estrangeiros comprarem terras no Brasil.
No entanto, as operações foram aprovadas porque o conselho acreditou que havia rivalidade entre grandes grupos econômicos com muita expertise nesse mercado, o que garantia a concorrência no mercado. “Nesse caso, são duas gigantes que disputavam entre si. A análise do Cade vai se concentrar no impacto da operação nessa questão, no nível da rivalidade após a fusão”, explicou.
Em entrevista coletiva, o presidente da Suzano, Walter Schalka, procurou minimizar a possibilidade de a aquisição da Fibria, anunciada na sexta, venha a enfrentar restrições de órgãos antitrustes.
Ao tentar afastar a ideia de que a combinação das empresas poderá fortalecer o poder de influência do grupo na dinâmica internacional de preços, o executivo afirmou que a companhia continuará sujeita às forças de oferta e demanda que levaram à “grave volatilidade’ nos preços internacionais da celulose nos últimos anos. Também pontuou que a participação de mercado da Suzano seguirá baixa se consideradas as fibras de diversas origens e assinalou que a empresa enfrenta grandes competidores nos mercados chinês, europeu e americano, de forma que espera concluir a operação sem ter que vender um ativo sequer.
“Não entendemos que seja necessário vender ativos para aprovação. Vendemos commodities que múltiplos players fabricam em condição adequada”, declarou Schalka.
Por: Exame