Política – 06/12/2012 – 10:12
Durante o painel “O jogo da informação na Copa do Mundo do Brasil”, o quarto do segundo dia da 6ª edição do MediaOn – Seminário internacional de jornalismo online -, o jornalista investigativo inglês Andrew Jennings, diretor do site Transparency in Sports, afirmou que o “Brasil está virando a República da Máfia”, por conta da organização da Copa do Mundo de 2014.
De acordo com ele, a Fifa “sequestrou” aqueles que cuidam do futebol no Brasil. “Pensam que aqui são todos estúpidos. Só falam de futebol e acham que vão poder enganar todos até o fim. E conseguir as isenções de impostos que quiserem”. Segundo ele, os repórteres brasileiros precisam fazer barulho: “vocês tem de fichar os dirigentes que entrarem no País. O mínimo que podem fazer é dar o nome de todos eles. Vocês estão financiando a vida de todos e o governo garante tudo o que a Fifa faz”, diz.
Sobre a Fifa, ele deu a sua opinião. “Dizem que fazem isso pelo prazer dos jogos. Isso não quer dizer nada, que besteira, não me faça vomitar. Procurei a definição de crime organizado. Eles são a máfia. Eles não querem falar disso como se fosse um fato. Eles preenchem todos os requisitos de crime organizado. Tem o chefão, o enriquecimento por atividades criminosas etc. O dinheiro entra e desaparece”, afirmou.
O jornalista brasileiro Juca Kfouri, que também participou do painel, afirmou que a infantilização da cobertura esportiva, que ele classificou como “Leifertização” da notícia – se referindo ao apresentador da Rede Globo Thiago Leifert – vai ter de mudar. “A opinião pública, à medida que a nossa democracia avance, vai querer críticas mais aprofundadas. É preciso separar a parte comercial da parte jornalística”, afirmou.
Walter de Mattos Júnior, presidente do Grupo Lance! disse que os próprios jornalistas são parcialmente responsáveis pelo o que está acontecendo na preparação destas competições. “O que me espanta e a gente é parcialmente responsável por isso. A gente ter admitido o que foi desenhado e enfiado goela abaixo.
Ele fez críticas também ao legado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente na área esportiva. “No esporte, ele deixou o seu pior legado. Não imagino nada pior. O Brasil ficou de joelhos sem pedir nada em troca à Fifa. Se submeteu a todas as condições. São coisas que a gente custa a acreditar”.
Mediaon
O MediaOn reúne profissionais do Brasil e do mundo para discutir grandes temas do setor, como o futuro da mídia, o impacto das novas tecnologias e como o mercado de notícias em geral está lidando com as mudanças radicais no meio.
Rumos e a abundância cultural
Em paralelo ao MediaOn, o Rumos aborda o tema “De gatekeeper ao gatewatcher ”, e busca respostas para a abundância de informação na internet, que está reconfigurando o jornalismo cultural. Sites, blogs, mídias sociais, comunidades de interesse e projetos colaborativos ampliaram o público e o colocaram diretamente em contato com fontes e produtores, sem intermediários, cabendo ao jornalista de cultura deixar de ser um editor para atuar mais como um moderador.
A perda de influência é apenas um dos dilemas do jornalismo cultural diante da cultura em rede. Por isso, sua reconfiguração é o tema proposto para o seminário, que levará a São Paulo palestrantes como Gumersindo La Fuente, Javier Celaya, Giselle Beiguelman, Barbara Heliodora, Rodrigo Savazoni, Espern Aarseth e Armando Antenore, além dos cantores Emicida e Lobão.
Fonte: Portal Terra