O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), Francesco La Camera, destacou, na última quinta-feira (13), a posição estratégica do Brasil no contexto global da transição energética. Segundo ele, o país, com uma matriz elétrica predominantemente renovável, especialmente no setor hidrelétrico, desempenha um papel crucial para o alcance das metas globais de duplicação da eficiência energética e triplicação da capacidade de fontes renováveis, como solar, eólica e hídrica.
La Camera ressaltou que, no ano passado, o Brasil demonstrou sua capacidade de impulsionar o setor ao adicionar mais de nove gigawatts de energias renováveis à sua matriz elétrica. A declaração foi feita após uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, onde discutiram ações conjuntas para os preparativos da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para novembro, em Belém.
Durante sua visita a Brasília, La Camera tem se reunido com representantes do governo federal e demais protagonistas do setor energético, buscando alinhar estratégias de cooperação para a transição energética global.
A Irena tem incluído o Brasil no desenvolvimento de um relatório sobre as perspectivas de transição para as energias renováveis na América Latina, com lançamento previsto para este ano. O governo brasileiro também tem trabalhado junto à agência internacional na formulação de estratégias para atrair investimentos para o setor.
La Camera adiantou ainda que, como parte da agenda de colaboração, há a intenção de realizar um fórum de investimentos no primeiro trimestre de 2026, como desdobramento da COP30. “Essa é uma das propostas que discutimos com o ministro Silveira”, afirmou.
A cooperação entre o Brasil e a Irena antecede a formalização da adesão do país à agência, processo que foi retomado em janeiro deste ano, após ser interrompido no governo anterior. A reaproximação oficial ocorreu durante a 15ª Assembleia Geral da Irena, em Abu Dhabi, onde o ministro Alexandre Silveira foi convidado a participar de um painel, apresentando as políticas públicas que impulsionaram o crescimento das energias renováveis no Brasil, como o programa Luz para Todos, Energias da Amazônia e novas iniciativas como o Combustível do Futuro.
Durante o evento, Silveira também formalizou o convite para que a Irena secretarie a Coalizão Global para Planejamento da Transição e Segurança Energética, que será liderada pelo Brasil e deverá ser lançada ainda este ano. “Esse é um momento crucial para o Brasil, que assume uma posição de liderança política no planejamento de longo prazo da transição energética”, declarou Silveira.
La Camera permanecerá no Brasil até o fim da semana para definir os próximos passos da colaboração com o país, com foco na COP30. Um dos pontos centrais será o potencial brasileiro para ampliar a produção de energia a partir da biomassa. “Consideramos a COP30 um sucesso quando ela traduzir-se em ações concretas para as ambições climáticas globais”, concluiu.
Com informações Agência Brasil