Política – 10/12/2012 – 08:12
Agora mesmo em Berlim, perguntado se havia se surpreendido com as revelações da operação Porto Seguro, o ex-presidente, sempre tão falante, saiu-se com uma resposta lacônica: “Não, não fui surpreendido”, que tanto pode significar que considera normal esse tipo de ação da Polícia Federal, como que sabia o que estava acontecendo na representação da Presidência em São Paulo, que ele frequentava com assiduidade.
Pelo noticiário internacional, vê-se que o combate à corrupção tem sido um dos pontos de destaque a favor do país nos últimos dias, e já não há quem, interessado pelas coisas do Brasil, não esteja devidamente informado sobre o que realmente aconteceu por aqui no primeiro governo Lula, e ainda acontece, mais uma vez dentro do círculo mais íntimo da Presidência da República.
Muito embora só reste aos petistas a tentativa de desqualificar a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, o fato é que, mesmo sem qualificação, ela foi instalada em um cargo estratégico na hierarquia de poder, a ponto de ter acesso a ministros e altos dirigentes para nomeações diversas de parentes, amigos e agregados.
A corrupção também é vista como um dos entraves ao desenvolvimento brasileiro, e fator de insegurança jurídica para os investidores, pois há muitos momentos em que não se sabe se o que vale nas negociações é a letra da lei ou os arranjos pessoais com figuras pouco conhecidas do público, mas bastante conhecidas dos que sabem os caminhos mais curtos para atingir os objetivos.
Relações
As relações do PT com a imprensa são conflituosas na retórica partidária, mas não encontram eco na realidade do governo Dilma Rousseff, o que é uma das suas boas facetas.
Fonte: Merval Pereira, O Globo