Os alunos do Campus Três Lagoas da UFMS convocaram a manifestação para quinta-feira, 10 de abril. O protesto foi decidido durante assembleia dos estudantes, realizada nessa sexta-feira (4). À nossa produção, Maria Eduarda, que cursa o 2º período de medicina, contou que “faltam professores no curso de medicina, a universidade não explica quando conseguirá preencher a grade, os alunos com as horas vagas e atraso no conteúdo”.
Outro problema neste início de semestre tem sido o fechamento do Restaurante Universitário (RU), que deixa os estudantes sem local adequado para refeições. Os alunos também denunciam que o número de vale refeição ofertado pela Universidade não seria suficiente.

Quando foi idealizado, o RU do Campus de Três Lagoas teria capacidade de oferecer refeições para cerca de 2.180 estudantes, diariamente, segundo informações disponibilizadas na página digital da Universidade.
Logo após o fechamento do restaurante, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFMS afirmou que a Universidade iria oferecer auxílio alimentação, para garantir a refeição com valor social da refeição aos universitários, durante o período de suspensão. Segundo os estudantes, a administração da Universidade lançou um edital no dia 24 de fevereiro para oferecer o auxílio emergencial mas o benefício, no valor de R$ 300, foi previsto apenas para 160 vagas, número que seria insuficiente para atender a demanda de acadêmicos que usavam o restaurante, antes do fechamento.
Aluno do curso de direito, Gabriel Dias, falou à reportagem que são “160 vagas para aproximadamente 510 estudantes que se inscreveram, fora os que não conseguiram se inscrever no edital”. O estudante ainda apontou o problema da falta de estrutura para acolher o número de alunos que precisam fazer as refeições no Campus, ao mesmo tempo, todos os dias. “É bem movimentado, como o restaurante não foi liberado, tem gente comendo no sol quente, no chão e até nos corredores dos blocos”.
Aluna do 5º semestre do curso de direito, Vitória Santos também confirmou à nossa reportagem que “a situação dos alunos, na hora de fazer as refeições, está complicada. Não tem lugar, o jeito é sentar no chão”.
O prazo para a Universidade realizar uma nova licitação expirou no dia 5 de abril, mas os estudantes afirmam que o processo não foi concluído, o que motiva o apoio da maioria que participou da assembleia, pelo protesto do dia 10 de abril, para reivindicar soluções. “Faremos um ato na frente do RU, vamos fazer comida pra gente se alimentar, queremos chamar a atenção mesmo para o descaso que estamos enfrentando”, ressaltou Gabriel Dias.
A direção do Campus foi procurada pela reportagem da Caçula, mas até o momento não retornou aos questionamentos. A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul também não se manifestou sobre a situação dos alunos do Campus de Três Lagoas.
Fechamento do RU de Três Lagoas
O Restaurante Universitário foi interditado dia 24 de fevereiro deste ano, após a Procuradoria Federal da UFMS apresentar indícios de irregularidades e suspender o contrato com a empresa M.A.B LIMA & CIA LTDA, que administrava o RU e agora está sendo investigada pela Polícia Federal e a Procuradoria da República Federal. Documentos analisados pela Procuradoria da UFMS e encaminhados à polícia apontam “a ocorrência de inúmeros ilícitos administrativos e criminais, seja pelo descumprimento do contrato administrativo em curso, inclusive com atos de superfaturamento”.

No dia 28 de fevereiro, o RU foi alvo de busca e apreensão realizadas por agentes da Polícia Federal. A investigação revelou que vídeos feitos pela Universidade e disponibilizados à PF, mostram que todos os dias, após o fechamento do refeitório, os envolvidos passavam mais de 100 carteirinhas estudantis, simulando que havia alunos adquirindo refeições, que eram subsidiadas pela Universidade Federal. Durante as buscas foram apreendidos computadores, aparelhos celulares e um carro.
Nossa reportagem procurou o representante da empresa investigada, que disse preferir não comentar as acusações. Atualmente, a UFMS tem cerca de 2.730 alunos em Três Lagoas, matriculados nos 18 cursos, entre graduação e pós-graduação, distribuídas em dois campus.