Em 2024, o Brasil registrou mais de 440 mil afastamentos de trabalho devido a transtornos mentais e comportamentais, mais que o dobro dos 203 mil registrados em 2014. Os dados do Ministério da Previdência Social revelam que esse aumento é alarmante, com um crescimento de quase 67% em relação ao ano anterior.
Os principais motivos para os afastamentos em 2024 foram os transtornos de ansiedade (141.414 casos), seguidos por episódios depressivos (113.604) e transtornos depressivos recorrentes (52.627). Outros transtornos como o afetivo bipolar e os relacionados ao uso de substâncias psicoativas também figuram entre as principais causas.
Esse aumento, principalmente nos transtornos de ansiedade, que cresceu mais de 400% desde 2014, reflete uma crise de saúde mental em curso no país. Antonio Virgílio Bittencourt Bastos, professor de psicologia da Universidade Federal da Bahia, aponta que a crise está relacionada a uma série de mudanças sociais, tecnológicas e econômicas que geram um ambiente mais inseguro e incerto.
Bastos destaca que, além das transformações no mundo do trabalho, como a precarização e a fragilização de vínculos, o Brasil enfrenta uma sociedade mais doente desde a pandemia, e que é necessário ir além das soluções paliativas. Para ele, mudanças profundas na organização do trabalho e nas relações interpessoais são essenciais para resolver a crise de saúde mental, enfatizando que a qualidade de vida se tornou um dos maiores desafios do milênio.
Com informações Agência Brasil