Política – 22/04/2012 – 07:04
À margem das negociações políticas formais que se desenvolvem no Congresso para montar acordos nas principais votações, como a do novo Código Florestal, ou até mesmo para a composição das bancadas na CPI do Cachoeira, há movimentos de mais longo prazo nos bastidores partidários que indicam a possibilidade de fusão de partidos, ou até mesmo a criação de novo partido que agrupe políticos hoje dispersos por diversas siglas mas com proximidades forjadas no dia a dia da política.
O senador Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá, por exemplo, será um dos membros da CPI em uma vaga que deveria ser ocupada pelo PSDB. Antes de aceitar, ele procurara o PT pedindo a vaga, mas o pleito foi negado.
Também ao senador do PDT de Mato Grosso Pedro Taques foi oferecida uma vaga da oposição, mas ele deve ser o representante de seu partido.
Essas aproximações têm menos a ver com afinidades partidárias e mais com relações pessoais e objetivos políticos que se refletem na atuação dentro do Congresso.
A preparação para a eleição presidencial de 2014 faz também um pano de fundo importante para esses potenciais alinhamentos políticos.
Os dois senadores citados, por exemplo, são próximos do líder tucano Aécio Neves, candidato potencial do PSDB à Presidência da República, e os três costumam trocar ideias no plenário do Senado com mais facilidade entre si do que com alguns membros de suas próprias siglas.
Exemplo típico dessa relação suprapartidária é a aproximação do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Embora a ligação formal mais evidente do PSB seja com o PT, os planos pessoais do governador pernambucano em direção ao Palácio do Planalto não passam, no médio prazo, pelo apoio do PT, mas sim pelo do PSD, e mesmo do PSDB, onde Campos mantém forte relação com o mesmo Aécio Neves.
Fonte: Merval Pereira, O Globo