08/09/2016 – Atualizado em 08/09/2016
Segundo pesquisa, maioria dos brasileiros desejam mudar de profissão
Três em cada quatro brasileiros querem trocar de emprego neste ano, segundo pesquisa da empresa recrutadora Hays.
Por: Folha De S.Paulo
Três em cada quatro brasileiros querem trocar de emprego neste ano, segundo pesquisa da empresa recrutadora Hays.
Entre as principais razões citadas para a mudança estão a falta de desenvolvimento profissional e a busca por uma remuneração maior. O levantamento nacional ouviu 3.600 funcionários de 400 empresas, entre julho e novembro de 2015.
Nem sempre é preciso mudar de endereço para renovar a carreira. “Transitar pelas áreas da empresa é cada vez mais comum. As organizações valorizam um funcionário que passa por diversos setores”, afirma Caroline Cadorin, gerente da recrutadora.
Quem deseja fazer a troca deve avaliar as competências que já tem e definir as que terá de desenvolver no novo posto, aconselha ela.
A primeira análise identifica em quais áreas o profissional se encaixaria. A segunda permite traçar um plano de preparo, que pode incluir desde cursos de capacitação e especialização até estudo por conta própria.
Trocar de emprego só considerando remuneração não é aconselhável, segundo a professora Laura Castelhano, da Business School São Paulo. Ela diz que é preciso avaliar as chances de ascender profissionalmente a longo prazo.
“O funcionário precisa ter certeza de que consegue fazer bem o trabalho para o qual se candidatou, e isso só vem de uma análise honesta a respeito do que ele sabe e do que não sabe fazer.”
A mudança pode partir do profissional ou da própria empresa, quando ela identifica no empregado habilidades úteis em outras frentes.
Aconteceu com Roberto Cury, 30, que deixou a área de análise de resultados e estratégias da Audi para atuar como supervisor de atendimento ao cliente. “O conhecimento que trazia foi fundamental, já sabia quais eram os problemas no novo setor e como solucioná-los”, afirma.
Para complementar a experiência, estudou gestão antes de assumir o novo cargo.
A publicitária Thaís Souza, 27, trocou de área depois de avisar a sua gestora no Banco Santander que estava em busca de desafios maiores.
Ela havia sido admitida como estagiária e já tinha atuado em várias funções no departamento de marketing. “Após cinco anos e meio ali, veio desejo de mudança. Mas não queria sair da empresa.”
Há um mês, a publicitária trabalha com análises de experiência do usuário em dispositivos móveis, internet banking e call center para aprimorar o contato com clientes. A ex-gestora a apoiou, fazendo a ponte entre ela e o setor de destino.
A empresa deve ser transparente a respeito das chances de troca, recomenda Mariana Aguilar, gerente sênior de Recursos Humanos da Audi. “Se o funcionário não tem as competências necessárias, deve ser alertado. Não podemos criar uma expectativa que não será realizada.”
O biomédico Rogério Mauad, 36, experimentou por seis meses uma transição de consultor médico para gerente de produtos na farmacêutica Novartis. Não gostou e voltou à posição anterior, sem prejuízo para a carreira.
“A decisão de voltar foi tranquila, gosto muito da área médica”, diz. “É uma movimentação lateral, mas variar é interessante até para aumentar a empregabilidade.”
O profissional deve tomar cuidado para não se desmotivar no período entre a decisão de mudar e a concretização. “É comum a pessoa parar, nessa fase, de entregar resultados, mas isso pode lhe fechar portas, já que gestores de diferentes áreas conversam”, lembra Lúcia Costa, da recrutadora Stato.