16/07/2014 – Atualizado em 16/07/2014
Em Campo Grande, jovens imitam filme e pintam cabelos de azul para indicar a sexualidade
Por: MidiaMax
Anabele sempre gostou de cabelos coloridos. Bem antes de se descobrir gostando de meninas já usava os cabelos tingidos. Os fios já receberam várias cores, mas foi com o azul, assim como no filme “Azul é a cor mais quente”, que conta a história de uma adolescente que se apaixona por uma mulher de cabelos azuis, que ela se identificou.
A jovem de 16 anos, um a mais que a personagem do filme, confessa ter pintado o cabelo de azul devido à história do longa. A cor chamativa é sempre motivo de questionamentos, o que ela não esconde, apesar de ter preferido não ser identificada na reportagem. “Sempre me perguntam por que uso o cabelo e se tem a ver com o filme, e eu digo que sim”, diz.
Assim como a personagem, ela diz ter descoberto sua sexualidade aos poucos e o fato de ter se envolvido com uma menina ‘puritana’ – lésbica, que nunca ficou com meninos – ajudou a perceber a sua própria sexualidade. “Identifico-me com a questão da infantilidade dela. Ela estava se descobrindo, e estava com alguém que já sabia o que era”, conta.
A relação, como outra qualquer, é feita de trocas, cumplicidade, e no caso delas, diz, muita discrição. Anabele explica que vê o preconceito estampado nas pessoas e prefere não chocar, pois em sua opinião isso não ajuda em nada a diminuir o preconceito. “Se tem um casal hetero se pegando ninguém diz nada. Mas se for um casal homo causa polêmica”, afirma.
Bi x homo x gay
Anabele conta que sempre percebeu ser diferente de outras meninas. Assim que começou a ver a sua sexualidade transparecer, viu que não eram apenas os meninos que lhe chamavam a atenção. As meninas também rondavam a imaginação. “Eu me declaro bi porque já namorei meninos e meninas”, diz.
Mas, a jovem que não gosta da palavra gay e se afirma bi, diz que se vê no futuro se relacionando com meninas. E apesar de estar ainda na adolescência, diz com tranquilidade e firmeza nas palavras o que quer. “Vejo-me com meninas. Apesar de já ter namorado meninos, não me vejo no futuro ao lado de um homem”, conta.
Família
O apoio da família, revela, foi fundamental para ter clareza de sua orientação e escolha. “Quando contei para minha mãe que eu estava interessada em uma menina, ela disse que tudo bem”, diz.
Já com o pai foi um pouco mais difícil. A jovem diz que ele falou das dificuldades que enfrentaria, por ter essa orientação e não queria vê-la sofrer. “Ele ficou preocupado. Me disse várias coisas, e por isso foi mais complicado”, conta.
Quanto aos parentes, ela diz ter optado e não dizer nada, por questões religiosas. “Não quis falar nada, porque iria chocar”, diz, e pelo mesmo motivo preferiu não parecer na matéria e não ser fotografada.
*Anabele foi o nome usado para não identificar a jovem, que optou em dar a entrevista preservando seu nome.
