Saúde – 20/02/2012 – 07:02
Nem a bela atriz Demi Moore conseguiu aguentar o baque após o divórcio com o astro Ashton Kutcher, tendo até de ser internada após convulsões, numa clínica de reabilitação por transtornos alimentares. E ela não está só. Pobres mortais também sofrem os efeitos de uma separação repentina. O que muitas mulheres já sabiam, os cientistas comprovam.
O divórcio pode causar síndrome do pânico, estresse pós traumático (os mesmos sintomas de militares que estão na guerra), insônia, emagrecimento excessivo e até câncer de mama.
De acordo com dados divulgados pelo jornal inglês Daily Mail afirma que pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, estudaram pessoas ao longo de 15 anos e neste mês revelaram os resultados: aqueles que se divorciaram (e as mulheres não estão sozinhas!) tiveram um declínio de sua saúde mais rápido do que os que permaneceram casados.
Outras pesquisas descobriram que, enquanto os homens sofrem mais problemas de saúde a longo prazo após o divórcio se não se casarem novamente, as mulheres tendem a sofrer mais seriamente a curto prazo por causa da súbita perda de status, apoio financeiro e da rede de segurança emocional, fornecida pelo casamento.
E não se engane, algumas pessoas podem sofrer da chamada síndrome de estresse do divórcio ¿ uma condição pouco reconhecida, mas muito difundida, que pode seguir a separação conjugal. Em um livro lançado recentemente, o professor e médico David Pastrana afirmou que o recém-divorciado passa pelas mesmas etapas de reajuste emocional como aqueles que enfrentam o luto, ou seja, negação, raiva, depressão e aceitação. Segundo o especialista, é vital para as mulheres aceitar que podem sim passar por uma fase difícil de transição, e buscar ajuda e apoio.
“O divórcio pode nos afetar emocionalmente, mentalmente e fisicamente, além de minar as nossas expectativas. É como lamentar a morte de um ente querido, assim que se depara com a tristeza da separação. Reconhecer esses sentimentos e aceitar que é preciso passar por um processo de cura e transição é um bom começo. Uma vez que você os entendeu, está no caminho para superá-los”, afirma a terapeuta de família Charlotte Friedman
Charlotte oferece ajuda para as pessoas que atravessaram um casamento rompido. Embora seja relativamente fácil se divorciar, Charlotte diz que lidar com os efeitos emocionais pode ser muito mais difícil. Raiva, tristeza e estresse são muitas vezes inevitáveis. “Quase todas as pessoas que vejo apresentam sintomas como estresse, mau humor, depressão e insônia. Cerca de 60% sofrem de sintomas físicos, que podem incluir eczema, enxaqueca ou problema nas costas, geralmente resultado de tensão muscular.”
O psicólogo James Lynch, autor do livro A Broken Heart (Coração Partido – As Consequências Médicas da Solidão), acredita que as relações entre o estresse emocional e a doença física estão apenas começando a serem reconhecidos.
Pressão
Estudos mostram que o estresse psicológico aumenta o dano causado pelos radicais livres – moléculas instáveis que atacam as células saudáveis e acredita-se que desempenhem papel na doença cardíaca, cancro e outras patologias graves.
Sob pressão, o corpo produz mais cortisol, o hormônio de luta ou fuga, que desestabiliza o sistema imunológico do corpo e torna menos capaz de combater a doença. No ano passado, pesquisadores da Universidade de Illinois estudaram 989 mulheres diagnosticadas com câncer de mama ao longo de um período de três meses, e encontraram uma associação entre o estresse e a doença.
De acordo com o documento apresentado na Associação Americana para Pesquisa do Câncer, as que sofrem de estresse eram mais propensas a ter uma forma mais agressiva de câncer de mama. Em um estudo com mais de 10.800 mulheres publicados no American Journal of Epidemiology, em 2002, os pesquisadores descobriram que os eventos de vida estressantes, como divórcio foram “associados a um risco aumentado de câncer de mama”.
A terapeuta Charlotte Friedman diz que os problemas enfrentados pela ala feminina pós-divórcio são diferentes de acordo com seu estágio da vida. “Para as que estão com 30 anos, a preocupação é frequentemente sobre como elas vão conseguir sobreviver, principalmente se há crianças envolvidas”, afirmou ao Daily Mail.
Segundo ela, as mais velhas, por volta dos 50 e 60 anos, sofrem com a ansiedade de se verem sozinhas justamente no momento em que se encaminham para a velhice. “Elas se sentem invisíveis no mundo exterior, e não têm como certo que vão encontrar alguém com quem compartilhar o resto de sua vida.”
Nos Estados Unidos o divórcio é tão estressante que foi classificado como estresse pós traumático, a mesma condição vivida por vítimas de acidentes ou soldados em zonas de guerra. As mulheres são duas vezes mais propensas a sofrer com este problema ¿ com flashbacks que incluem comportamento antissocial, ansiedade elevada, insônia e doenças psicossomáticas. E se mesmo assim a decisão da separação veio por parte dela, a culpa e o vazio podem lhe tomar a alma. Charlotte Friedman explica: “O casamento pode ter sido infeliz, mas ainda é uma perda com a qual a pessoa tem de lidar.”
Fonte: Terra