Política – 09/04/2013 – 10:04
Os protestos que aconteceram pelo País desde que o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) assumiu a presidência da CDHM (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara podem se tornar uma importante arma a favor dele para a campanha eleitoral de 2014. A polêmica em torno do parlamentar, que é acusado de homofobia e racismo por declarações públicas nas redes sociais, dá a Feliciano visibilidade digna de celebridade.
A assessoria de seu gabinete estima que cerca de 2 milhões de mensagens de apoio chegaram ao deputado no último mês, via internet e telefone. O número é bastante expressivo e pode significar uma fidelização de mais eleitores para Feliciano, que conseguiu pouco menos de 212 mil votos nas últimas eleições.
O cientista político Humberto Dantas explica que o Brasil tem uma carga alta de conservadorismo. Segundo ele, declarações homofóbicas dadas por Felicano — como a conclusão de que “amor entre pessoas do mesmo sexo leva ao ódio, ao crime e à rejeição” — encontram eco em uma parte significativa dos cidadãos.
— Tem muita gente ouvindo o que ele fala e achando legal. E ele está se aproveitando dessa situação, como qualquer político faria. Isso é da política. Ele já capitalizou votos, já virou estrela, tem um monte de eleitor que vai achar que ele é corajoso.
Todas as sessões da CDHM que o deputado presidiu foram marcadas por protestos e intensa cobertura da imprensa. De acordo com o estudante de direito Allysson Prata, um dos organizadores dos protestos, os manifestantes estão se articulando para mudar o foco da mobilização. Prata, que foi preso pela Polícia Legislativa da Câmara no dia 27 durante um protesto, destacou o benefício que Feliciano pode tirar da exposição.
— Quando o deputado chega na Câmara, o que mais tem é repórter em volta dele. Feliciano já se tornou uma celebridade nacional e internacional e queremos tirar o foco dele. A gente vê como caminha o Brasil: a pessoa ganha mérito pela miséria que ela faz.
Allysson afirmou que o grupo de manifestantes pretende manter o ativismo “até que o deputado deixe a comissão”, mas que pretende, a partir de agora, concentrar a discussão em torno da frente parlamentar que está sendo criada para defender os direitos humanos.
A assessoria de Feliciano afirmou que o deputado não está em campanha e que ele tem “o pé no chão”, só espera conseguir o número de votos necessários para se reeleger mais um.
Custo
O cientista político também destacou o fato de que o cargo do deputado à frente da CDHM não encontra legitimidade em parte da sociedade brasileira, mas que ele foi eleito pelos seus pares e legitimado dentro da Casa. Na análise do sociólogo, o custo político para que Felicano deixe efetivamente o cargo seria alto.
— Ele não está sozinho nisso, tenho absoluta certeza. Para ele sair de onde ele está, o preço não vai ser baixo. Se o PSC for minimamente caracterizado como um partido brasileiro, vai cobrar algum cargo ou aliança benéfica para ele.
Fonte: Portal R7