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Após morte de advogado, cidade declara guerra à dengue

Saúde – 17/01/2013 – 09:01

A Secretaria de Saúde do Paraná anunciou, no final da tarde desta quarta-feira, que a morte de um advogado de Peabirú, a 480 quilômetros de Curitiba, foi causada pela dengue hemorrágica, conforme revelaram exames laboratoriais. É a primeira morte provocada pela doença no Estado em 2013. As cidades de Peabirú, Fênix, São Carlos do Ivaí e Japurá estão enfrentando epidemia da doença.

 

A população de Peabirú está em estado de alerta. Temerosos de contrair a doença, confirmada em cerca de 10% do total da população de 13 mil habitantes, moradores correram às farmácias e supermercados em busca de repelentes e inseticidas. Os estoques desses produtos estão esgotados na maioria dos locais, conforme relatos dos comerciantes. O prefeito da cidade, Claudinei Minchio (PT), informou que famílias que moram no município e estão em férias em outras cidades não pretendem voltar de imediato a Peabirú.

 

“Outros estão preparando as malas para deixar a cidade”, afirmou ele. No posto de saúde 24 horas, dezenas de moradores esperam na fila para verificarem se foram contaminados pelo mosquito Aedes aegypt. Três médicos, no período diurno, e dois, durante a noite, se revezam no atendimento de pacientes, que em sua maioria têm o contágio confirmado. Quase todos os 22 leitos disponíveis na unidade estão ocupados por pessoas infectadas pela doença. Segundo o prefeito, diariamente são confirmados em média 30 novos casos. Desde o início de janeiro até o final da tarde de ontem, quase 600 pacientes tiveram os resultados positivados para a dengue na cidade. No ano passado, os número oficiais revelaram a ocorrência de 724 contágios. 

 

O prefeito desconfia da informação. “Ou houve manipulação, ou não conseguiram identificar a doença nos pacientes. É quase impossível a explosão de casos em tão pouco tempo. Estamos refazendo o levantamento. No momento, vamos trabalhar para erradicar o problema.  Depois, vamos averiguar se houve negligência ou culpa de alguém e comunicar as autoridades”, disse Minchio.

 

Guerra

Para tentar conter o avanço do contágio, a prefeitura colocou várias equipes para percorrer a cidade na tentativa de localizar e exterminar os criadouros. O batalhão de pessoas foi reforçado por equipes de municípios da região. Armadilhas estão sendo espalhadas para identificação dos focos principais. Os grupos reforçam o trabalho de conscientização da população, orientando a limpeza no interior das residências. Carros espalham o inseticida no final da noite no perímetro urbano. “Estamos literalmente em guerra contra o mosquito”, afirmou Minchio.

 

As autoridades de saúde do município estão preocupadas com os focos encontrados. Criadouros estão sendo localizados no interior de árvores ou em formações de galhos, onde a água da chuva fica acumulada. Equipes epidemiológicas estão verificando uma a uma, aplicando uma massa composta por areia, cal, cimento, sulfato de cloro e água. A ação é considerada como eficaz e causa danos às árvores, de acordo com a prefeitura.

 

O porteiro José Lúcio Pagliarini, 51 anos, morador no conjunto Verdes Campos, teve a doença confirmada e está internado no posto de saúde. “Começou uma dor de cabeça muito forte e várias manchas, que se espalharam pelo corpo. Tomei remédio, mas não adiantou e fui internado”, relatou. Na casa de Pagliarini, sua mulher e seu filho, de 14 anos, também foram infectados. “No meu bairro, o difícil é encontrar quem não tenha pegado a doença”, afirmou o porteiro. Segundo ele, não há focos de mosquito em sua casa. “Lá em casa eu sempre cuidei, só que não adiantou muito”, lamentou.

 

Além de Peabirú, cidades de toda região estão intensificando o combate ao Aedes aegypti. Em Campo Mourão, equipes das secretarias municipais de Fiscalização e de Agricultura e Meio Ambiente percorrem a cidade para notificar e, se necessário, multar proprietários de terrenos sem limpeza e propícios ao aparecimento de criadouros locais potenciais, que oferecem riscos para o surgimento do Aedes aegypt, como terrenos baldios e ferros-velhos. “Os proprietários que forem notificados e não tomarem providências terão as multas e custos lançados no IPTU”, advertiu a secretária de Saúde, Patrícia Chandoha .

 

Cassação

Enquanto lidera o município no combate ao mosquito, o prefeito de Peabirú recebeu nesta quarta-feira a informação de que a Justiça eleitoral cassou os mandatos dele e do vice-prefeito, Sebastião Carlos Marinho (PPS).  Na decisão, a juíza eleitoral da cidade acatou denúncia do Ministério Público, apontando irregularidades na prestação de contas da campanha.

 

Segundo a Justiça eleitoral, os números apresentados são incompatíveis com os gastos dos candidatos durante o período eleitoral. O prefeito também não teria aberto uma conta bancária específica para a campanha, como prevê a legislação. A defesa de Minchio vai apresentar recurso amanhã, no Tribunal Regional Eleitoral em Curitiba, alegando que houve “inexperiência e as contas foram centralizadas no comitê”. Enquanto aguarda análise do recurso, ele permanece no cargo.

Fonte: Portal Terra

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